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ACIDENTE
Após inalar fumaça, gerente não resistiu à terceira parada cardíaca; motorista morreu a caminho do hospital
Asfixia provocou mortes, dizem médicos
DA REPORTAGEM LOCAL
O gerente Moisés Santos Tavares, de aproximadamente 40
anos, resistiu a duas paradas cardíacas. Mas, na terceira, quando
já estava há duas horas e 30 minutos sendo atendido no Hospital
do Mandaqui (zona norte), acabou morrendo.
"Como era jovem e sadio, conseguiu resistir às duas primeiras
paradas. Mas o seu caso era grave.
Ele tinha queimaduras dentro da
boca, na faringe e na traquéia
-uma característica de quem
inala muita fumaça", afirmou o
médico José Custódio de Moura.
Tavares foi levado ao hospital
por volta das 16h20, quase uma
hora e meia depois do início do
incêndio no prédio do Itaú.
Nem os bombeiros ou os médicos souberam informar em que
andar do prédio Tavares estava
quando o fogo começou. No hospital, parentes e amigos evitaram
falar com os jornalistas. Sua mulher, Silvia, passou mal e teve de
ser assistida por médicos.
Assim como Tavares, o motorista Jaime Celestino Filho, de
aproximadamente 50 anos, também morreu em decorrência de
parada cardiorrespiratória. Celestino Filho, porém, nem chegou a
ser medicado. Chegou morto ao
Pronto-Socorro Municipal Lauro
Ribas Braga (PS Santana), também na zona norte.
Segundo Marcelo dos Santos
Gaya, coordenador administrativo do PS Santana, Celestino Filho
foi identificado por um funcionário do banco Itaú. Sua família não
quis dar entrevistas.
Um outro funcionário, que
também não se identificou, conta
que viu um motorista que prestava serviço para a empresa em
uma das janelas do prédio, quase
desmaiando e pedindo socorro.
Segundo ele, os bombeiros tiveram dificuldades para chegar ao
local onde estava o homem. Não
confirmou se era Jaime.
Um homem identificado apenas como José também foi atendido no PS por causa de intoxicação. Fez uma inalação e foi liberado em seguida. Ele era segurança
da empresa Pires, informou Gaya.
O fogo durou cerca de duas horas, atingindo principalmente o
almoxarifado. Além do excesso
de fumaça, as chamas provocaram explosões nos vidros laterais
e da frente do prédio, obrigando
os bombeiros a desocupar um
prédio ao lado, de quatro andares.
"A brigada de incêndio que fica
no local foi acionada, mas não teve condições de dominar o fogo",
diz nota emitida pelo banco.
Correria
Com a fumaça, boa parte dos
funcionários ficou isolada no prédio, à espera de ajuda. Célia Francisca dos Reis, 63, funcionária da
limpeza no local, estava no terceiro andar quando o incêndio começou. Ela conta que só viu fumaça e muita correria.
Como a fumaça dificultava o
acesso às escadas, ela e outros
funcionários ficaram juntos perto
da janela. "Todos conseguiram
manter a calma. Ninguém chorou, e a chegada dos bombeiros
foi rápida." Célia e outras pessoas
desceram os andares no elevador
do prédio.
Anderson de Souza Amaral, 30,
também funcionário da limpeza,
estava no primeiro andar. Ele afirma que sentiu um cheiro forte e
que todos saíram correndo. "Eu
pulei para a área de um prédio vizinho", diz. Segundo ele, muitos
funcionários tiveram medo de
descer pelas escadas ou pelo elevador por conta da fumaça.
O fogo foi controlado por volta
das 17h. Pouco antes das 19h, os
bombeiros descartaram a possibilidade de encontrar mais vítimas.
(FABIANE LEITE E ALESSANDRO SILVA)
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