São Paulo, quinta-feira, 21 de novembro de 2002

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RIO

Empresas que abastecem unidades policiais suspenderam as entregas; comandantes têm liberado soldados mais cedo, sem almoço

Inadimplência da PM deixa os quartéis sem alimentos

DA SUCURSAL DO RIO

Em razão da falta de pagamento, empresas que fornecem alimentos para batalhões e quartéis da PM (Polícia Militar) do Rio estão suspendendo as entregas. A medida tem obrigado os comandos a liberar os policiais encarregados dos serviços burocráticos pouco antes da hora do almoço, sem direito a refeição.
Segundo a PM, os produtos perecíveis são os mais afetados pela suspensão do fornecimento. Frango e carnes bovina e suína caíram do cardápio de boa parte dos cerca de 40 batalhões do Estado há, pelo menos, uma semana.
Com a falta de carne, o cardápio tem se restringido, nos últimos dias, a arroz, feijão, batata e ovo.
O governo admite a falta de pagamento e informa que as dívidas acumuladas com fornecedores vêm desde 1999. A Secretaria Estadual de Fazenda divulga que, para solucionar o problema, efetuou dois pagamentos neste mês, um de R$ 500 mil, feito no dia 4, e o outro de R$ 700 mil, no dia 14.
O valor total da dívida não foi informado pela secretária, que alega que a dificuldade em quitá-la resulta do déficit mensal do Estado, de cerca de R$ 160 milhões.
Um dos principais fornecedores para a PM, o frigorífico mineiro Henrique da Costa Indústria e Comércio de Carnes tem faturas vencidas e não pagas pelo governo do Estado desde 31 de agosto.
Segundo o diretor financeiro da empresa, Gilmar de Oliveira Costa, o total devido pela administração da governadora Benedita da Silva (PT) é de R$ 778 mil.
Costa disse que no dia 14 recebeu R$ 70 mil de pagamento referente a dívidas de setembro. De acordo com ele, outras contas vencidas há mais de dois meses ainda não foram pagas.
A inadimplência levou o frigorífico a suspender o fornecimento de carne -cerca de 70 mil toneladas mensais- no último dia 12.
O comandante-geral da PM, coronel Francisco Braz, admitiu a crise no abastecimento e disse que a Secretaria de Fazenda já teria garantido solução para o problema.
A Pm informou que a falta de alimentos não atinge a todos os batalhões porque a corporação dispõe de estoques de alimentos. "O maior problema é com os produtos perecíveis, que não podem ser armazenados por muito tempo, como é o caso das carnes", disse o major Frederico Caldas, assessor de comunicação da PM.


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