São Paulo, segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

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Para especialistas, simulador é só complemento às aulas

Avaliação é que aparelho também deve ser usado em curso para renovar CNH

Estímulo a comportamentos perigosos e alto custo são as principais críticas; método pode ajudar pessoas com medo e deficientes físicos


Moacyr Lopes Junior/Folha Imagem
Em carro adaptado, homem testa simulador de direção para manobras e trajetos noturnos

DA REPORTAGEM LOCAL

O uso de simuladores de direção tem a simpatia de boa parte dos especialistas e das autoescolas. No entanto, com ressalvas: alguns avaliam que a iniciativa é válida só para uma formação adicional, e não para substituir as aulas práticas; e há estabelecimentos que também temem os custos.
"O videogame ajuda na percepção do tempo de reação para não atropelar um pedestre, mas não se pode simplificar a formação. É interessante como complemento", afirma Horácio Augusto Figueira, mestre em engenharia pela USP.
"As pessoas não têm ideia do que significa a velocidade. Um carro a 108 km/h percorre mais de 30 metros até parar", diz Ailton Brasiliense, ex-presidente do Denatran.
Para ele, a tendência é usar simuladores até no treinamento de direção defensiva para renovar a CNH.
Para o engenheiro Manuel Steidle, da equipe que prepara a proposta encomendada pelo Contran, alguns videogames ajudam a desenvolver habilidades de direção, mas lembra que podem incentivar comportamentos perigosos, como a alta velocidade.
"É preciso cuidado, porque poucas autoescolas têm condições de investir", afirma Rodrigo Fabiano da Silva, do sindicato das autoescolas de Minas.
"Temos consciência da realidade brasileira. Não adianta sonhar com algo que ninguém pode adquirir", diz Carlos Alberto Schneider, engenheiro que participa do projeto na UFSC.

Utilização
Marcelo Armaroli, chefe da empresa que desenvolveu um simulador sofisticado que vem sendo testado no sul de Minas, afirma que os aparelhos podem ser úteis não só para formar novos motoristas, mas no treinamento de portadores de deficiência física e de pessoas que têm medo ao volante.
A rede de autoescolas em Pouso Alegre, no sul de Minas, que começou a testar esse simulador mais sofisticado negocia no Detran-MG a homologação do aparelho para tentar inclusive autorização para substituir algumas aulas práticas.
Segundo Luiz Antônio Lopes, dono da rede, é viável produzir os equipamentos e locá-los por R$ 720 por mês. O custo para os motoristas, segundo ele, cairia de R$ 30 para R$ 20 por aula. "E tem a possibilidade de fazer à noite, além de poluir menos", defende. (AI)


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