da Sucursal do Rio

As questões políticas e sociais terão destaque nos enredos das escolas de samba que participam da primeira noite de desfiles do Grupo Especial do Rio, a partir das 20h de hoje, no Sambódromo.
O espetáculo será aberto pela Caprichosos de Pilares, que falará sobre a negritude e as lutas pela conquista dos direitos civis dos negros no enredo "Negra Origem, Negro Pelé, Negra Bené".
Entre os homenageados da escola, está a senadora negra Benedita da Silva (PT-RJ), considerada pelo carnavalesco Jerônimo Guimarães "símbolo da capacidade de superação da raça". Ele negou que pretenda fazer propaganda política de Benedita, que não desfilará.
Terceira escola a se apresentar, a Vila Isabel exibirá um resumo da história do homem, desde a queda do Império Romano do Ocidente, no século 5, até a Revolução Francesa, em 1789. O carnavalesco Jorge Freitas tentará mostrar, no final da escola, que os problemas atuais da humanidade permanecem os do período apresentado.
Em seguida à Vila, entra a Grande Rio, com "O Cavaleiro da Esperança", homenagem ao líder comunista Luiz Carlos Prestes, que estaria completando 100 anos.
"Independentemente da ideologia de cada um, as reformas que ele (Prestes) pedia ainda precisam ser feitas", disse o carnavalesco Max Lopes. "Não vou fazer apologia política, mas não há dúvida de que é um enredo político."
No abre-alas da Grande Rio, um grupo de "caras-pintadas" -como ficaram conhecidos os estudantes que exigiam o impeachment do ex-presidente Collor- estará junto de um monumento a Prestes, simbolizando a continuidade da luta pelas reformas.
Por ironia, desavenças políticas acabaram afetando o desfile da escola: uma ala do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) desistiu de sair em boicote à presença da ex-sem-terra Débora Rodrigues, que posou nua para a revista "Playboy", como destaque. A viúva de Prestes, Maria Prestes, acompanhou a decisão.
(MÁRIO MOREIRA)


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