São Paulo, quinta-feira, 22 de março de 2001

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ENSINO FUNDAMENTAL

Brasil precisará criar 4,6 milhões de novas vagas até 2007

Estudo prevê "gargalo" na 5ª série

LISANDRA PARAGUASSÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Brasil deverá precisar abrir 4,6 milhões de novas vagas entre a 5ª e a 8ª série até 2007. No mesmo período, a estimativa é que 1,9 milhão de alunos a menos esteja na escola entre a 1ª e a 4ª série.
As informações estão no estudo Dados Demográficos e Estimativas de Demandas Educacionais, do pesquisador José Marcos Pinto da Cunha, do Núcleo de Estudos de População da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), apresentado ontem em Brasília.
A pesquisa analisou o aumento populacional estimado para o país e juntou a isso os dados de aprovação nas escolas, além dos números de defasagem de idade da criança em relação à série que ela deveria estar cursando.
As projeções feitas pelo pesquisador mostram que a maior parte do aumento de estudantes deverá se concentrar na segunda etapa do ensino fundamental (da 5ª à 8ª série). Um crescimento de 32% em relação à demanda em 1999. Da 1ª à 4ª série, a necessidade de vagas cai 13%.
A demanda da 1ª à 4ª série é de 17,8 milhões de alunos, de acordo com dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 1999. Para 5ª a 8ª, o número é de 14,3 milhões. "As políticas que ajudam a diminuir a repetência nas escolas fazem com que o aluno saia dos primeiros anos", explica Cunha. "Mas vão aparecer problemas mais adiante."
O principal problema que pode ser identificado na pesquisa é uma grande concentração, nos próximos anos, de estudantes na 5ª série. Enquanto na 1ª a necessidade de vagas deve subir, entre 2000 e 2007, apenas 1%, na 5ª esse índice chega a 12%. Isso porque a redução dos índices de repetência fará com que, além dos estudantes que normalmente chegariam a essa série, outros, que passaram alguns anos "presos" entre a 1ª e 4ª, também cheguem lá.
Mas o estudo demonstra, também, que a 5ª série continua sendo um dos principais gargalos do sistema de ensino. "Podemos verificar que existe um represamento nessa série", explica. As taxas de aprovação caíram nos últimos anos. Em 1992, cerca de 60% dos alunos passavam de ano. Em 1999, a taxa foi de 56%.


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