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Congestionamentos chegam aos bairros de SP
da Reportagem Local
A degradação das condições de
vida em São Paulo já afeta algumas
"ilhas de tranquilidade". Brooklin,
Vila Olímpia (ambas na zona sudoeste) e Jardim Marajoara (zona
sul) , bairros notoriamente tranquilos e arborizados, já sofrem
com excesso de trânsito e congestionamentos, que estimulam os
paulistanos a fugir da capital.
"Para fugir dos congestionamentos das avenidas, os carros entram no bairro, interferindo no
dia-a-dia dos moradores. Há até
linha de ônibus passando em ruas
estreitas", diz Rosângela Torrezan, Giembinsky, moradora da
Vila Olímpia.
Depois da abertura da avenida
Nova Faria Lima, há quase dois
anos, que dividiu a região do Itaim
Bibi (zona sudoeste) em duas, atividades corriqueiras como ir à farmácia ou ao banco se tornaram
complicadas. "Nunca tem onde
estacionar. Está na cara que o comércio local não comporta esse
movimento", diz Célia Pádua,
moradora do Itaim.
Obras inacabadas são vetores de
atração de veículos para as regiões
do Brooklin e do Jardim Marajoara. No primeiro caso, a avenida
Água Espraiada, projetada para
canalizar o tráfego da marginal Pinheiros em direção à região do aeroporto de Congonhas.
No segundo, o problema é a avenida Lourival Alves de Souza, prevista para canalizar o fluxo oriundo da avenida Nações Unidas para
a avenida Interlagos.
"Chegamos a contar 1.800 carros
nos horários de pico em ruas que
não comportam esse trânsito", diz
Gerhard Berke, secretário da Sociedade dos Amigos do Jardim
Marajoara.
Saturação
A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) admite o problema
e diz que ele é consequência do excesso de veículos em circulação
em São Paulo.
Dados da empresa revelam que,
em 20 anos, a frota na cidade passou de cerca de 1,1 milhão de veículos para 4,7 milhões. Eles circulam em cerca de 14 mil quilômetros de sistema viário.
Em cerca de dez anos, a população da cidade passou de aproximadamente 7 milhões de habitantes para quase 10 milhões.
"Quase não houve investimento
em abertura de vias nesse período.
O sistema viário está saturado,
não comporta essa frota. É previsível que mais carros passem a circular nos bairros", diz Nancy Reis
Schneider, supervisora de planejamento da CET.
Na opinião dela, a solução para o
trânsito de São Paulo depende de
um conjunto de projetos articulados, entre eles faixas solidárias,
rodízios e imposição de limites à
circulação de caminhões na cidade. "Mesmo que houvesse um investimento maciço em transporte
coletivo, não resolveria. É preciso
mudar os hábitos e a cultura que
valoriza o automóvel."
Mobilização
Essa interferência na dinâmica
dos bairros residenciais tem um
efeito positivo: estimula a mobilização e a organização dos moradores em torno da disposição de
manter a qualidade de vida. A opinião é da urbanista Regina Monteiro, vice-presidente do movimento Defenda São Paulo.
Os três bairros têm associações
de moradores ativas, que lutam
pela preservação de suas características e para evitar a degradação
das condições de vida.
"Há divergências, mas temos
conseguido coordenar um pouco
o trânsito no bairro. Também
conseguimos que a CET tirasse as
placas induzindo o tráfego para
dentro da região", diz Regina, que
também é membro da associação
dos moradores do Brooklin.
(MARTA AVANCINI)
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