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Vila rural melhora moradia
do enviado especial
O projeto das vilas rurais, do
governo do Paraná, alcançou
sua meta de oferecer melhores
condições de moradia para os
trabalhadores bóias-frias e fixá-los no meio rural. Mas os
objetivos relativos à geração de
emprego "estão bastante prejudicados".
Essas são as principais conclusões da "Avaliação participativa do programa vilas rurais", feita pela Fundação de
Apoio à Pesquisa e ao Desenvolvimento do Agronegócio
(Fapeagro), a pedido do próprio governo paranaense.
"A maior queixa dos beneficiários refere-se ao desemprego", diz o texto de avaliação.
"Há uma forte demanda por
recursos de produção, de forma a potencializar a geração de
renda no lote".
O motivo é a dimensão do
terreno: são 5.000 m2. Em geral, os colonos usam 1.000 m2
para construir a casa e o silo.
Nos 4.000 m2 restantes, fazem
uma plantação que não produz
renda suficiente para manter a
família durante todo o ano.
É o caso de Sebastião Gonçalves Cota, 56. Ele mora com a
mulher e a filha na primeira vila rural construída pelo governo paranaense, no distrito de
Sertãozinho, em Engenheiro
Beltrão. Ele tem uma plantação
de algodão, da qual espera colher 50 arrobas. Isso deve lhe
render R$ 500 por ano. Para
sobreviver, ele trabalha como
diarista em plantações da região, além de ser meieiro em
uma lavoura de café.
No final, sua renda anual será
de cerca de R$ 3.600, ou R$ 300
por mês. Além disso, conta
com o salário de sua filha, professora primária em uma escola do distrito vizinho à vila.
Manuel Vieira Santos, 30, é o
presidente eleito da vila Francisca Ferreira Borges. Como
Cota, também trabalha em sistema de parceria em lavouras
da região para obter seu rendimento principal.
Segundo ele, a maioria dos
moradores da vila trabalha como diarista no corte de cana ou
na colheita de café.
Santos faz planos de organizar uma plantação coletiva de
100 mil pés de café na vila, secar, moer e embalar a produção lá mesmo e vendê-la em
mercados da região. Ele se
queixa, porém, da falta de crédito para as plantações.
Quanto às condições de moradia, entretanto, Cota e Santos só fazem elogios. A casa de
Cota tem dois quartos, dois banheiros, sala, cozinha e área de
serviço. "É muito melhor do
que a casa de colônia em que
eu morava na fazenda", conta.
A avaliação da Fapeagro
elenca, como vantagens do
projeto de vilas rurais levantadas pelos vileiros: melhores
condições de moradia, área para cultivo, casa própria, maior
segurança, melhor higiene, alimentação e saneamento básico, melhores condições de
educação dos filhos e aumento
da auto-estima.
Entre as queixas: falta de
água para produção agropecuária, desemprego, dificuldade de vivência comunitária e
associativismo devido à falta
de preparo para a vivência na
vila, e o fato de não ter havido
participação dos vileiros no
planejamento das vilas.
O governo do Paraná construiu 108 vilas, com 5.184 casas.
(JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO)
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