São Paulo, domingo, 22 de março de 1998

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SAÚDE
Saiba como escolher seu terapeuta

JAIRO BOUER
especial para a Folha

Como escolher um bom psicoterapeuta? Essa é uma das principais dúvidas enfrentadas pelas pessoas que decidem passar por uma terapia em alguma fase da sua vida. A Folha ouviu, na última semana, a opinião de vários especialistas da área sobre esse assunto.
Para o psiquiatra e psicoterapeuta Alexandre Saadeh, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP, um dos critérios mais confiáveis ainda é o da indicação -um amigo que passou que teve uma boa experiência ou alguém que conheça bem pessoas que trabalham na área podem ser boas fontes de indicação.
Segundo Saadeh, que também é professor de psicopatologia das faculdades de psicologia da Unip e da PUC-SP, a empatia, que surge entre terapeuta e paciente, logo nas primeiras entrevistas, é mais importante do que um nome consagrado ou um consultório lotado.
A linha teórica com que o terapeuta trabalha também não é fator relevante para a escolha. Também não é fundamental o fato de o terapeuta ser psicólogo ou psiquiatra, homem ou mulher, jovem ou velho. Segundo ele, importante mesmo é que o terapeuta seja uma pessoa capaz de ouvir e "captar" o indivíduo que está a sua frente e que ele possibilite um contato que produza mudanças na vida do seu paciente. "É uma relação que escapa da contaminação afetiva representada por um amigo próximo ou uma pessoa da família."
Saadeh dá algumas dicas: "Desconfie de quem vem com discurso pronto, com jargões e lugares comuns ou, de quem adota o modelo "superlegal", que convida para tomar chope e promete "resolver" a vida do paciente." Afinal, quem tem de resolver a vida e trabalhar suas angústias é a própria pessoa. O terapeuta é apenas um "catalisador" do processo. Ele recomenda cuidado com profissionais que misturam psicoterapia com outros recursos (leia texto abaixo).
Para a psicóloga Helena Lima, psicoterapeuta e professora das faculdades de psicologia e de educação da PUC, os principais motivos que levam uma pessoa a procurar uma psicoterapia são diminuir algum sofrimento ou aumentar o auto-conhecimento.
Helena diz que, em São Paulo, hoje, as pessoas têm se pautado por algumas questões práticas na escolha do terapeuta: proximidade do trabalho ou do local de moradia e adequação do bolso ao valor da sessão. Apesar dessa tendência, Helena acredita que o fator principal de escolha deve ser a empatia que se estabelece entre o terapeuta e quem busca ajuda.
"Uma escolha não é uma condenação. É um processo voluntário e ativo. A pessoa tem que saber que pode romper, a qualquer momento, se o trabalho não estiver caminhando da forma esperada." Ela diz que uma dica importante é não perder de vista o motivo que o levou a procurar a terapia e como anda aquele tema no processo.



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