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Índio usava adereços
de festa, diz estudioso
MAURO TAGLIAFERRI
da Reportagem Local
O grupo que matou Galdino Jesus dos Santos teria como perceber
que estava ateando fogo a um índio, segundo um antropólogo que
estuda a cultura dos pataxós.
Para José Augusto Laranjeiras
Sampaio, diretor da Sociedade
Brasileira de Antropologia, em
ocasiões públicas e festividades os
pataxós costumam ser ``chamativos'': usam colares, penas e pintam o corpo.
Na ocasião, Santos voltava de
uma comemoração pelo Dia do Índio, na sede da Funai.
``Ele devia estar paramentado.
Como foi queimado, não dá para
saber. Somente o testemunho dos
assassinos pode dizer. Mas é possível que eles tenham, pelo menos,
visto alguém usando roupas de índio'', afirmou Sampaio.
O antropólogo contou que os pataxós hã-hã-hães, ramificação do
grupo pataxó ao qual Santos pertencia, não têm a fisionomia típica
dos índios, pois já sofreram processo de miscigenação.
Atualmente, os pataxós se dividem em dois ramos: os pataxós,
que habitam o litoral sul da Bahia,
especialmente a área próxima a
Porto Seguro, e os hã-hã-hães, habitantes do interior, na antiga zona cacaueira de Pau Brasil (também no sul da Bahia).
Não há rivalidade entre os grupos. Segundo o antropólogo Rodrigo Grünewald, os dois ramos
têm liderança única, formada por
um colegiado, e preferem ser tratados apenas por pataxós.
O nome ``hã-hã-hãe'' é atribuído
à última tribo contatada no Nordeste, nos anos 30, a qual teria se
unido aos pataxós do interior.
As diferenças entre os grupos são
ditadas pelo contexto econômico
em que vivem. Enquanto os pataxós vivem da venda de seus produtos artesanais aos turistas do litoral baiano, os hã-hã-hães se valem
da agricultura.
``Eles plantam verduras, mandioca, abóbora e banana. Tentam
vender a produção na região, mas
há boicote, pois as terras deles estão sendo disputadas por fazendeiros e porque as condições de saneamento básico em que vivem
são precárias'', afirmou o filósofo
Benedito Prezia, do Conselho Indigenista Missionário (Cimi).
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