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AMBIENTE
Reivindicações incluem proibição da mineração, mudanças nas zonas e garantia de saneamento para novos loteamentos
ONGs questionam divisão no litoral norte
DA REPORTAGEM LOCAL
Proibição da mineração, exigência de implantação e execução
prévia de tratamento de esgoto
para novos empreendimentos
imobiliários, inclusão dos mangues e várzeas em Z1, enquadramento de praias com grandes percentuais de mata nativa em zonas
de ocupação mais restrita.
Essas são algumas das reivindicações feitas por um grupo de oito
ONGs da região de Ubatuba em
relação à minuta do decreto que
implanta o zoneamento ambiental no litoral norte de São Paulo.
A região é, dos setores costeiros,
o que possui a maior reserva de
mata atlântica, mas vem sofrendo
uma grande pressão imobiliária
nos últimos anos. Além disso,
quase todo o esgoto produzido
pelos seus cerca de 224 mil moradores não recebe tratamento.
"Como as ONGs não participaram desde o início do processo,
por falta de articulação, o decreto
se voltou muito para o lado da
construção civil. Como está não
pode ficar", diz Elci Camargo, advogada da Fundação SOS Mata
Atlântica, uma das entidades que
assinam a "carta de sugestões".
Ela cita o caso da região de mangue de Itamambuca, em Ubatuba,
que mantém alto nível de preservação do ecossistema e onde a
construção de casas foi proibida
por uma ação judicial.
Classificada no zoneamento como Z4 (área de expansão urbana,
em que até unidades industriais
são permitidas), a área deveria
ser, na opinião dos ambientalistas, no máximo, uma Z2 -onde
75% da vegetação nativa tem de
ser preservada e são permitidos
apenas sítios e chácaras.
"Há quase dez anos a Secretaria
de Estado do Meio Ambiente [Sema" contratou grupos que reuniam urbanistas, engenheiros,
biólogos, sociólogos e sanitaristas
para fazerem o zoneamento do litoral norte. As ONGs não participaram mesmo", diz o arquiteto
José Carlos Isnard Ribeiro de Almeida, que fez parte do projeto.
Almeida é conselheiro do Crea-SP (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia) e representante do órgão no
Consema (Conselho Estadual do
Meio Ambiente). Ele considera
que o Plano de Gerenciamento
Costeiro é "melhor do que nada",
mas observa falhas também
apontadas pelos ambientalistas.
"Os decretos dos diversos setores mudam muito pouco e, às vezes, não se adequam à realidade
de cada região. A mineração, por
exemplo, pode ser permitida no
litoral sul, onde há calcário, mas,
no litoral norte, vai significar devastação", afirma.
Sobre a questão do saneamento,
o arquiteto diz que não havia nenhuma restrição legal à construção de condomínios sem tratamento de esgoto. "O zoneamento
impõe restrições, e é preciso que o
poder público faça a sua parte."
As sugestões de mudanças na
minuta do decreto foram enviadas pelas entidades à Sema em setembro do ano passado.
"Tudo vai ser levado em consideração", afirma o secretário Ricardo Tripoli. "Pode ser até que
haja descontentamento, mas é
melhor ter algumas regras a não
ter nenhuma." Falta ainda uma
audiência pública no litoral norte.
(MARIANA VIVEIROS)
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