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Migração ocorre
com maior força
no litoral de SP
FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS
Os alvos do mais intenso fluxo
migratório registrado em São
Paulo nos últimos cinco anos são
três cidades do litoral. A expansão
populacional fez desses municípios os únicos do Estado a figurar
entre os 50 com as maiores taxas
médias de crescimento no país,
segundo dados do IBGE.
De acordo com os resultados
preliminares do censo 2000, Ilha
Comprida, no litoral sul, ocupa o
11º lugar no ranking nacional de
crescimento da população, com
uma taxa média anual de 17,78%.
Bertioga, na Baixada Santista, é a
16ª (16,11%) e Ilhabela (litoral norte), a 48ª (12,18%).
No ranking, os três municípios
são os únicos do Sudeste em um
universo no qual predominam localidades das regiões Norte (28 cidades) e Centro-Oeste (11).
Taxas tão elevadas de crescimento populacional fizeram, em
cinco anos (de 96 a 2000), o número de habitantes nas três cidades paulistas aumentar mais que a
metade (Ilhabela) ou quase dobrasse (Ilha Comprida), segundo
o IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística).
De 3.434 habitantes em 1996,
Ilha Comprida saltou para 6.608
em 2000 (92,42% a mais). No
mesmo período, o "boom" populacional de Bertioga ampliou em
81,76% o total de habitantes da cidade (de 17.002 para 30.903). Os
13.100 de Ilhabela em 1996 se
transformaram em 20.744 em
2000, um acréscimo de 58,35%.
A pesquisadora Rosana Baeninger, do Nepo/Unicamp (Núcleo
de Estudos da População), diz que
a migração rumo ao litoral é uma
tendência dos anos 80 em São
Paulo e está relacionada à expansão da atividade turística.
Segundo ela, a proliferação de
casas de veraneio e condomínios
destinados a pessoas de alta renda
cria uma demanda de serviços
que atrai migrantes de outros Estados, em especial nordestinos.
Estabelecida uma corrente migratória, segundo ela, os fluxos futuros deixam de ser motivados
exclusivamente pela busca do
emprego e passam a refletir o vínculo entre migrantes antigos e
seus familiares, que ficaram nas
regiões de origem.
Por isso, Baeninger alerta para a
necessidade de os municípios
adotarem ações adequadas, a fim
de se evitar a desorganização do
espaço urbano.
A demógrafa Nilza de Oliveira
Martins Pereira, do Departamento de População e Indicadores Sociais do IBGE, aponta ainda uma
tendência de procura do litoral
por moradores das capitais da região Sudeste em busca de melhor
qualidade de vida.
Segundo Nilza, fenômeno semelhante -porém não tão acentuado- ocorre com pequenas cidades litorâneas do Espírito Santo
(Piúma, Guarapari, Marataízes) e
do Rio de Janeiro (Rio das Ostras,
Armação de Búzios).
Para as prefeituras de Ilha Comprida, Bertioga e Ilhabela, o crescimento das populações locais
não é tão acentuado quanto informam os números do IBGE devido
a distorções resultantes de supostas falhas na coleta de dados efetuada pelo instituto em 1996.
"O levantamento de 96 falseia a
realidade. Esse aumento de 92% é
irreal. Nossos números apontam
um crescimento de 45%", afirmou Roberto Luiz Silva Júnior,
assessor de Planejamento da Prefeitura de Ilha Comprida.
Segundo ele, em 96, recenseadores classificavam como casas
de veraneio todas as moradias onde não havia ninguém no momento da coleta dos dados. "Isso
aconteceu muito no litoral."
A diretora municipal de Planejamento de Ilhabela, Cristiana
Isola, aponta defasagem nos
13.100 moradores que o IBGE
atribuía à cidade em 96. "Na época, já havia 17 mil. Pela informação do IBGE, parece que o crescimento é vertiginoso. Mas não é
tão acentuado assim."
A assessoria do IBGE informou
que um dos objetivos da contagem populacional de 1996 foi justamente atender a demanda das
prefeituras, que contestavam dados do censo de 1991. De acordo
com o instituto, os recenseadores
recebem treinamento e obedecem a critérios técnicos a fim de se
evitar distorções.
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