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Projeto desenvolvido em Recife
reforma abrigos para crianças
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
As tradicionais mostras de arquitetura e decoração que ocorrem em todo o país serviram de
modelo - a partir da idéia de um
casal de arquitetos de Recife-
para um projeto social que tem
por objetivo reformar abrigos de
crianças carentes.
Depois que termina o evento,
que segue os mesmos moldes das
mostras, a instituição fica com
móveis e eletrodomésticos, além
de ter tido o prédio totalmente
pintado e reformado.
Idealizado há um ano e meio, na
cidade de Recife, o projeto será
implantado a partir deste ano em
outros Estados por meio de um
modelo de difusão batizado de
franquia social.
Os interessados não pagam nada para utilizar o projeto, mas, em
compensação, serão obrigados a
cumprir à risca regras ditadas pelos criadores do modelo, os arquitetos Patrícia Chalaça, 30, e Marcelo Souza Leão, 30.
Desenvolvido com base no trabalho voluntário em 1999, o projeto "Casa da Criança" já conseguiu reformar três unidades, em
Recife e Brasília, beneficiando
cerca de 600 crianças.
Um total de 1.550 empresas e
264 arquitetos se envolveram nas
atividades.
Apesar de os investimentos terem somado R$ 6,6 milhões em
materiais de construção, equipamentos e mão-de-obra, nenhuma
doação em dinheiro foi feita.
Todas as obras foram realizadas
com a oferta de produtos e serviços pelos voluntários. "Essa é a regra principal da franquia social",
disse a arquiteta.
Patrícia diz ter se inspirado nas
mostras de decoração, em que os
ambiente das casas são produzidos por diferentes empresas.
Dessa maneira, a reforma de cada setor das creches e abrigos é
feita por vários colaboradores,
sob a coordenação de arquitetos
voluntários.
Todos os que ajudam nas obras
e serviços são citados em placas fixadas em cada ambiente. Os
grandes patrocinadores têm direito ainda a exibir, por pelo menos um ano, o nome da empresa
no muro da instituição.
As reformas levam em torno de
três meses. Durante esse período,
as crianças são retiradas do ambiente e levadas para outro abrigo
provisório, sob a responsabilidade da própria entidade mantenedora da instituição.
Visitação pública
Após o término do trabalho, como ocorre nas mostras de decoração, a creche reformada é aberta
para visitação pública. Por 15 dias,
os visitantes pagam R$ 5 de entrada. O dinheiro não é entregue à
entidade, mas é utilizado para a
aquisição de materiais de uso diário das crianças.
Nas três obras até agora realizadas foram reformados 9.500 metros quadrados. A primeira delas
foi feita na Casa de Carolina, instituição de apoio a crianças e adolescentes carentes em situação de
abandono ou risco, mantida pelo
governo de Pernambuco.
"Levamos 45 dias para terminar
o trabalho no imóvel, de 1.500 metros quadrados", lembra Patrícia.
"Juntamos 60 arquitetos e uns 400
patrocinadores", afirma Patrícia.
O maior serviço, no entanto, foi
na unidade Fernandes Vieira da
mesma instituição.
O local, de 6.000 metros quadrados, destinado a atender até 200
crianças e adolescentes, foi praticamente reconstruído no segundo semestre de 2000.
Erguido originalmente para
abrigar jovens infratores, o prédio
estava abandonado e em ruínas
por ter sido depredado em uma
rebelião que terminou com a
morte de um dos internos.
As celas deram lugar a quartos
decorados com móveis e paredes
coloridos. Salas de brinquedos, de
arte e de estudos foram criadas ou
remodeladas. Canos que serviam
para banhos foram trocados por
chuveiros elétricos.
Expansão
"Nosso objetivo agora é transportar o modelo para todo o
país", disse a arquiteta. De acordo
com ela, o projeto, que conta com
o apoio do Instituto Ayrton Senna, será implantado ainda este
ano em quatro Estados.
As instituições são a Casa Transitória, de Jundiaí (SP), a Amai, de
Maceió (AL), e a Fundac, de Natal
(RN) e Fortaleza (CE). Os coordenadores nos Estados -todos arquitetos por exigência do manual
de franquia social- receberão
treinamento no próximo dia 7,
em Recife.
Patrícia diz que, em 2002, pretende levar também o projeto nas
unidades de tratamento de câncer
para crianças dos hospitais ou nas
casas de apoio a crianças portadoras da doença.
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