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Paciente pensou em sacrificar sua virilidade
DA REDAÇÃO
L. está na faixa dos 40 anos e
descobriu há menos de um ano
que tem depressão. Em seu tratamento, ele caiu, como relata, na
"armadilha sexual" do antidepressivo: saiu de um quadro de
depressão com transtorno sexual
leve para um tratamento que,
apesar de eficiente, causou perda
total da libido como efeito colateral, o que o deixou deprimido.
Segundo L., a descoberta da
doença significou um choque e
um alívio. Um choque por saber
que tem um mal estigmatizado
precipitadamente como sendo relacionado a pessoas "fracas" ou
"problemáticas". E um alívio porque finalmente encontrou explicação para a série de problemas
que enfrentava há anos e que culminara com a apavorante idéia de
colocar fim à própria vida.
O diagnóstico de depressão foi
dado por um psiquiatra, que partiu para o ataque frontal: tratamento com fluoxetina, princípio
ativo do medicamento Prozac.
O que, a princípio, também foi
um problema, por causa das informações "controvertidas" sobre o medicamento.
No entanto, L. aceitou o desafio
-segundo diz, faria qualquer
coisa para sair do "limbo" em que
se encontrava.
Ainda segundo seu relato, o tratamento teve resultados excelentes. A não ser por um pouco de
euforia e um tremor nas mãos em
alguns momentos do dia, tudo
parecia estar bem: a volta da auto-estima, o fim da melancolia e do
pessimismo, a ausência das idéias
fixas e dos maus pensamentos e
da falta de perspectivas etc.
Tudo ia tão bem que ele demorou para se dar conta de que sua
atividade sexual tinha diminuído
para frequências ainda menores
do que quando estava deprimido.
Ele custou a relatar o problema
para seu médico. L. tinha o receio
de que tivesse de abandonar o
medicamento e a depressão voltasse. Chegou a pensar, afirma,
que valia a pena sacrificar a vida
sexual em nome do bem-estar
que estava vivenciando pela primeira vez após muito tempo.
Mas uma conversa com o especialista o fez mudar de idéia. Segundo o médico, a ausência de
uma vida sexual normal impediria que o tratamento pudesse ser
considerado bem-sucedido, porque ele não alcançaria a qualidade
de vida desejável.
A solução foi tentar outro medicamento, cuja substância ativa é
reconhecidamente menos prejudicial ao desempenho sexual.
Foi escolhida a bupropiona, na
forma do medicamento Wellbutrin. A depressão permaneceu sob
controle e sua atividade sexual
voltou a níveis aceitáveis.
O problema que apareceu, com
a mudança, foi de ordem econômica: o medicamento é importado e cada comprimido custa cerca
de R$ 4. O Prozac é vendido por
cerca de R$ 3,50; já o genérico de
fluoxetina é comercializado por
R$ 1,40, segundo tabela do Ministério da Saúde.
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