São Paulo, quinta-feira, 22 de abril de 2004

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RIO

Uma das hipóteses para a origem das minas apreendidas é que teriam sido trazidas por guerrilheiros do país africano

Polícia investiga suposta conexão angolana

DA SUCURSAL DO RIO

Apesar da possibilidade de serem originárias do próprio Exército brasileiro, a polícia do Rio está investigando reservadamente a hipótese de as oito minas terrestres achadas anteontem na favela da Coréia (Senador Camará, zona oeste) terem sido trazidas de Angola por guerrilheiros do país africano radicados no complexo de favelas da Maré (zona norte).
Em pelo menos duas das 17 comunidades que integram o complexo -Vila do João e Vila do Pinheiro- moram famílias angolanas, que fugiram da guerra civil que ocorreu entre 1975 e 2002.
As duas comunidades são controladas pela parceria entre as facções TC (Terceiro Comando) e ADA (Amigo dos Amigos), cujo principal chefe é Paulo César Silva dos Santos, o Linho, que pode estar morto.
A favela da Coréia, onde foram encontradas as minas, é dominada pelo traficante Róbson André da Silva, o Robinho Pinga, líder da facção TCP (Terceiro Comando Puro), dissidência do antigo Terceiro Comando. Pinga era aliado de Linho há cerca de um ano e meio, até que os dois brigaram.
Para os policiais, ao criar o TCP, Robinho Pinga desviou armas do arsenal de Linho.

Treinamento
Segundo a polícia, guerrilheiros angolanos refugiados no Brasil treinam traficantes das duas favelas desde o final da década passada. Os guerrilheiros podem ter contrabandeado armamentos usados na guerra civil de Angola, como as minas, suspeita a polícia.
A Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública tem informações de que os angolanos ensinariam táticas de guerrilha aos traficantes, não só da Maré, como também da favela de Manguinhos (zona norte).
O suposto envolvimento de angolanos com o tráfico de drogas no Rio também é investigado pela PF (Polícia Federal).
Segundo agentes, há informações de que os guerrilheiros estão ajudando os traficantes a fabricar armas artesanais nas favelas.
Só em 2003, cerca de 40 armas artesanais foram apreendidas em comunidades carentes do Rio -algumas com a inscrição "Angola", o que reforça a suspeita.
Essas armas, segundo a Polícia Federal, são feitas com dois canos de bicicleta e só podem disparar dois tiros por vez. (SERGIO TORRES E MARIO HUGO MONKEN)


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