|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
RIO
Uma das hipóteses para a origem das minas apreendidas é que teriam sido trazidas por guerrilheiros do país africano
Polícia investiga suposta conexão angolana
DA SUCURSAL DO RIO
Apesar da possibilidade de serem originárias do próprio Exército brasileiro, a polícia do Rio está investigando reservadamente a
hipótese de as oito minas terrestres achadas anteontem na favela
da Coréia (Senador Camará, zona
oeste) terem sido trazidas de Angola por guerrilheiros do país africano radicados no complexo de
favelas da Maré (zona norte).
Em pelo menos duas das 17 comunidades que integram o complexo -Vila do João e Vila do Pinheiro- moram famílias angolanas, que fugiram da guerra civil
que ocorreu entre 1975 e 2002.
As duas comunidades são controladas pela parceria entre as facções TC (Terceiro Comando) e
ADA (Amigo dos Amigos), cujo
principal chefe é Paulo César Silva
dos Santos, o Linho, que pode estar morto.
A favela da Coréia, onde foram
encontradas as minas, é dominada pelo traficante Róbson André
da Silva, o Robinho Pinga, líder da
facção TCP (Terceiro Comando
Puro), dissidência do antigo Terceiro Comando. Pinga era aliado
de Linho há cerca de um ano e
meio, até que os dois brigaram.
Para os policiais, ao criar o TCP,
Robinho Pinga desviou armas do
arsenal de Linho.
Treinamento
Segundo a polícia, guerrilheiros
angolanos refugiados no Brasil
treinam traficantes das duas favelas desde o final da década passada. Os guerrilheiros podem ter
contrabandeado armamentos
usados na guerra civil de Angola,
como as minas, suspeita a polícia.
A Subsecretaria de Inteligência
da Secretaria de Segurança Pública tem informações de que os angolanos ensinariam táticas de
guerrilha aos traficantes, não só
da Maré, como também da favela
de Manguinhos (zona norte).
O suposto envolvimento de angolanos com o tráfico de drogas
no Rio também é investigado pela
PF (Polícia Federal).
Segundo agentes, há informações de que os guerrilheiros estão
ajudando os traficantes a fabricar
armas artesanais nas favelas.
Só em 2003, cerca de 40 armas
artesanais foram apreendidas em
comunidades carentes do Rio
-algumas com a inscrição "Angola", o que reforça a suspeita.
Essas armas, segundo a Polícia
Federal, são feitas com dois canos
de bicicleta e só podem disparar
dois tiros por vez.
(SERGIO TORRES E MARIO HUGO MONKEN)
Texto Anterior: Artefatos seriam para proteção Próximo Texto: Rio: Cliente deixa Rocinha por droga mais pura Índice
|