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RIO
Traficantes da Mangueira, do Dendê e do Jacarezinho, por exemplo, oferecem produto de melhor qualidade, segundo a polícia
Cliente deixa Rocinha por droga mais pura
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
Com a favela da Rocinha (São
Conrado, zona sul do Rio) ocupada por 1.300 policiais desde a semana passada, os usuários que
subiam o morro para comprar
drogas decidiram migrar para outras comunidades para adquirir
cocaína e maconha.
Segundo levantamento da Cinpol (Coordenadoria de Inteligência da Polícia Civil), pelo menos
cinco favelas da capital estão recebendo os "antigos clientes" da
Rocinha. Os usuários estão migrando para as favelas do Jacarezinho, da Mangueira, do complexo do Dendê (todas na zona norte), do complexo de São Carlos
(zona central) e do Rebu (oeste).
De acordo com a Cinpol, a escolha dos dependentes químicos
por essas comunidades não está
ligada à ausência de tiroteios ou
da presença policial. O principal
fator que leva os usuários a escolher essas comunidades é a "qualidade" da droga que é oferecida.
A própria polícia admite que
não tem como reprimir, de imediato, essa migração dos usuários.
Isto porque toda a Polícia Civil está mobilizada na captura do traficante Eduíno Eustáquio de Araújo Filho, o Dudu, responsável pela
tentativa de invasão à Rocinha,
ocorrida no dia 9.
Apesar de estar ocupada, a Rocinha continua sendo considerada o principal entreposto de drogas no Rio. Embora os viciados
não estejam subindo o morro, a
favela se sustenta com o consumo
dos próprios moradores e com os
chamados "usuários eventuais",
que recebem a droga em casa.
Um por três
Segundo o serviço de Inteligência da Polícia Civil, para atrair os
usuários, os traficantes destas favelas procuram não misturar tanto a cocaína a outras substâncias
para dar um certo "grau de pureza" à droga, assim como já é feito
na Rocinha.
Nas favelas que estão recebendo
"antigos clientes" da Rocinha, informa a Cinpol, 1 kg de cocaína
pura é transformada em 3 kg ao
ser misturada com fermento em
pó. Segundo os investigadores da
Polícia Civil, esse é o maior grau
de pureza da cocaína que é comercializada nas favelas do Rio.
Os traficantes misturam a cocaína a outras substâncias para aumentar seu lucro final. Um quilo
da droga hoje custa cerca de R$
6.000 no mercado internacional.
A cocaína vendida em favelas do
Rio é produzida em países como
Colômbia e Bolívia.
Segundo a Cinpol, há favelas
completamente "falidas" hoje no
Rio em termos de tráfico, como é
o caso do morro do Borel (Tijuca,
zona norte), por serem mal administradas pelos chefões do tráfico.
Nessas comunidades, os traficantes chegam a transformar 1 kg de
cocaína em até 9 kg, o que não
atrai os usuários.
Metade do que as bocas-de-fumo arrecadam com a venda de
drogas fica com o "dono da favela", esteja ele em liberdade ou preso. O dinheiro normalmente é lavado na aquisição de bens. Os
chefões do tráfico gostam de ostentar riqueza e compram carros
importados, apartamentos luxuosos, mansões, além de abrirem empresas.
Outros 35% do faturamento são
gastos na aquisição de armamento pesado (como fuzis e granadas)
e munição para enfrentar quadrilhas inimigas e a polícia. Os 15%
restantes são para pagar salários
dos "soldados" e "gerentes", além
das despesas de cúmplices presos.
Em vão
A Polícia Civil do Rio desmobilizou ontem o efetivo de quase 500
policiais que, desde sexta-feira,
ocupavam o complexo de favelas
do Alemão (zona norte) para tentar capturar o traficante Eduíno
Eustáquio de Araújo Filho, o Dudu, líder da tentativa de invasão à
favela da Rocinha.
O fim da ocupação ocorreu porque a polícia recebeu informações
de que Dudu poderia estar escondido em outras favelas dominadas pela facção criminosa CV
(Comando Vermelho) e não faria
sentido continuar com um grande efetivo no local.
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