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Tiroteio passa
próximo de ato
pela paz em favela
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
A morte passou perto dos manifestantes pela paz na manhã de
ontem na favela da Rocinha, na
zona sul do Rio. No momento em
que cerca de 200 voluntários de
ONGs percorriam becos e ruelas
distribuindo abraços, fitas e panfletos, um tiroteio entre policiais e
supostos traficantes deixou um
morto e três feridos.
Eram 11h. Divididos em 30 grupos de seis, cada um guiado por
um membro da comunidade, voluntários liderados pela ONG Viva Rio acabavam de começar um
trabalho, batizado de "Dia do Carinho", de visitação às casas das
favelas para conversar, entregar
panfletos e pequenos brinquedos.
Nas casas, a recepção era boa.
Nas ruas, hostilidade.
Aurélio Mesquita, 38, diretor do
grupo Roça Caça Cultura disse:
"Só abraço não adianta. Moro
aqui há 20 anos. Não tem esgoto e
os ratos entram nas nossas casas.
Entramos na deles [dos voluntários], de carinho também. Mas
nos pintamos de palhaços e espero que eles percebam a ironia".
"É normal ter hostilidade. Qualquer coisa singela em um ambiente de tensão corre o risco de
parecer ridículo. Fica sempre no
limite entre o sublime e o ridículo.
O clima é tenso, sabemos que em
outra parte ocorre um tiroteio",
disse Rubem César Fernandes,
coordenador do Viva Rio.
Também às 11h, no local chamado Terreirão, alto de uma das
principais ruas da favela (rua A),
policiais entraram em confronto
com supostos traficantes.
Três policiais ficaram levemente
feridos e um homem, que segundo a polícia estava com um fuzil e
teria resistido à prisão, foi morto.
A morte de ontem foi a 13ª desde o último dia 9, quando um grupo tentou tomar os pontos de tráfico de drogas da favela. Desde o
dia 14, quando morreu Luciano
Barbosa da Silva, o Lulu, líder do
tráfico local, não ocorria nenhum
confronto na Rocinha.
Várias socialites participaram
do evento. Lilibeth Monteiro de
Carvalho, ex-mulher do ex-presidente Fernando Collor (acompanhada do atual marido, o modelo
Walter Rosa), Narcisa Tamborindeguy e Gisela Amaral estavam
no grupo de voluntários.
A empresária Flora Gil, mulher
do ministro da Cultura, Gilberto
Gil, também participou.
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