São Paulo, quinta-feira, 22 de abril de 2004

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Tiroteio passa próximo de ato pela paz em favela

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

A morte passou perto dos manifestantes pela paz na manhã de ontem na favela da Rocinha, na zona sul do Rio. No momento em que cerca de 200 voluntários de ONGs percorriam becos e ruelas distribuindo abraços, fitas e panfletos, um tiroteio entre policiais e supostos traficantes deixou um morto e três feridos.
Eram 11h. Divididos em 30 grupos de seis, cada um guiado por um membro da comunidade, voluntários liderados pela ONG Viva Rio acabavam de começar um trabalho, batizado de "Dia do Carinho", de visitação às casas das favelas para conversar, entregar panfletos e pequenos brinquedos.
Nas casas, a recepção era boa. Nas ruas, hostilidade.
Aurélio Mesquita, 38, diretor do grupo Roça Caça Cultura disse: "Só abraço não adianta. Moro aqui há 20 anos. Não tem esgoto e os ratos entram nas nossas casas. Entramos na deles [dos voluntários], de carinho também. Mas nos pintamos de palhaços e espero que eles percebam a ironia".
"É normal ter hostilidade. Qualquer coisa singela em um ambiente de tensão corre o risco de parecer ridículo. Fica sempre no limite entre o sublime e o ridículo. O clima é tenso, sabemos que em outra parte ocorre um tiroteio", disse Rubem César Fernandes, coordenador do Viva Rio.
Também às 11h, no local chamado Terreirão, alto de uma das principais ruas da favela (rua A), policiais entraram em confronto com supostos traficantes.
Três policiais ficaram levemente feridos e um homem, que segundo a polícia estava com um fuzil e teria resistido à prisão, foi morto.
A morte de ontem foi a 13ª desde o último dia 9, quando um grupo tentou tomar os pontos de tráfico de drogas da favela. Desde o dia 14, quando morreu Luciano Barbosa da Silva, o Lulu, líder do tráfico local, não ocorria nenhum confronto na Rocinha.
Várias socialites participaram do evento. Lilibeth Monteiro de Carvalho, ex-mulher do ex-presidente Fernando Collor (acompanhada do atual marido, o modelo Walter Rosa), Narcisa Tamborindeguy e Gisela Amaral estavam no grupo de voluntários.
A empresária Flora Gil, mulher do ministro da Cultura, Gilberto Gil, também participou.


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