Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
É muito ruim, mas vamos ficar, diz mulher de preso
DA AGÊNCIA FOLHA
Cerca de 170 parentes de presos
ficaram no presídio Urso Branco
quando a rebelião teve início na
sexta-feira. M.E.S., 19, mulher de
um condenado por tráfico de drogas, concedeu entrevista para a
Agência Folha, por telefone celular, de dentro do complexo penitenciário.
Ela disse que as famílias ficarão
na cadeia até que as reivindicações dos internos sejam atendidas
e fez um relato sobre as condições
do presídio. A seguir, trechos da
entrevista.
Agência Folha - Como estão as
condições no presídio?
M.E.S. - Estamos todos muito
cansados. Ninguém tem dormido
muito. E estamos com fome também. Toda a comida acabou ontem [anteontem]. Nós [os familiares] queremos o fim da rebelião.
As mulheres subiram [ontem pela
manhã] no telhado para pedir o
fim.
Agência Folha - Como os presos
estão sendo assassinados?
M.E.S. - É muito brutal. São grupos rivais que brigam aqui dentro. Matam e cortam os corpos na
frente das famílias. É muito violento. E jogaram os corpos de cima do telhado. Ninguém sabe
quem vai ser o próximo.
Agência Folha - Como estão vivendo as pessoas aí dentro? Ficam
todos juntos?
M.E.S. - Fica todo mundo amontoado. Ninguém dorme muito,
mas, quando dormem, ficam todos um por cima dos outros. Ontem [anteontem], uma senhora
desmaiou e teve de ser retirada.
Agência Folha - Como estão as
condições, sem água para mais de
mil pessoas?
M.E.S. - Está muito ruim. O cheiro dentro da cadeia é muito ruim.
Em algumas celas já não dá para
ficar. Mas nós estamos decididos
a ficar até que as reivindicações
sejam atendidas.
Agência Folha - A vida dos detentos é muito ruim no Urso Branco?
M.E.S. - Muitos já têm direito de
sair, já cumpriram a pena. Os presos querem ter o direito de trabalhar para diminuir as penas. Os
presos querem poder sair daqui e
arrumar um trabalho.
Texto Anterior: Rondônia: Rebelados cavaram 2 túneis e têm armas Próximo Texto: Parentes enfrentam apreensão e escassez Índice
|