São Paulo, quinta-feira, 22 de abril de 2004

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É muito ruim, mas vamos ficar, diz mulher de preso

DA AGÊNCIA FOLHA

Cerca de 170 parentes de presos ficaram no presídio Urso Branco quando a rebelião teve início na sexta-feira. M.E.S., 19, mulher de um condenado por tráfico de drogas, concedeu entrevista para a Agência Folha, por telefone celular, de dentro do complexo penitenciário.
Ela disse que as famílias ficarão na cadeia até que as reivindicações dos internos sejam atendidas e fez um relato sobre as condições do presídio. A seguir, trechos da entrevista.
 

Agência Folha - Como estão as condições no presídio?
M.E.S. -
Estamos todos muito cansados. Ninguém tem dormido muito. E estamos com fome também. Toda a comida acabou ontem [anteontem]. Nós [os familiares] queremos o fim da rebelião. As mulheres subiram [ontem pela manhã] no telhado para pedir o fim.

Agência Folha - Como os presos estão sendo assassinados?
M.E.S. -
É muito brutal. São grupos rivais que brigam aqui dentro. Matam e cortam os corpos na frente das famílias. É muito violento. E jogaram os corpos de cima do telhado. Ninguém sabe quem vai ser o próximo.

Agência Folha - Como estão vivendo as pessoas aí dentro? Ficam todos juntos?
M.E.S. -
Fica todo mundo amontoado. Ninguém dorme muito, mas, quando dormem, ficam todos um por cima dos outros. Ontem [anteontem], uma senhora desmaiou e teve de ser retirada.

Agência Folha - Como estão as condições, sem água para mais de mil pessoas?
M.E.S. -
Está muito ruim. O cheiro dentro da cadeia é muito ruim. Em algumas celas já não dá para ficar. Mas nós estamos decididos a ficar até que as reivindicações sejam atendidas.

Agência Folha - A vida dos detentos é muito ruim no Urso Branco?
M.E.S. -
Muitos já têm direito de sair, já cumpriram a pena. Os presos querem ter o direito de trabalhar para diminuir as penas. Os presos querem poder sair daqui e arrumar um trabalho.


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