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DOENÇA ESQUECIDA
Taxa de cura no país está abaixo da meta mundial; prioridade de novo programa é melhorar capacitação
Saúde comunitária combaterá tuberculose
DA REPORTAGEM LOCAL
O programa de combate à tuberculose lançado oficialmente
neste mês pelo governo federal
quer transformar a doença em
problema para as equipes com
médico, enfermeiro e agentes comunitários do PSF (Programa
Saúde da Família).
Apenas 28% das cerca de 17 mil
equipes ativas do programa no
ano de 2002 tratavam a tuberculose, segundo pesquisa feita pelo
Ministério da Saúde. Em vez de
diagnosticar e acompanhar o paciente -a detecção e a assistência
à doença são consideradas simples e baratas-, a maioria passava o problema para a frente, encaminhando os doentes para outros
serviços, como hospitais.
O Brasil é o maior produtor de
casos da doença nas Américas e o
15º entre os 22 do mundo com
maior número absoluto de doentes. Está atrás de países africanos e
asiáticos com grandes populações, como a China.
Mais de 80 mil casos são descobertos por ano e a taxa de cura, de
71,9%, está distante da meta para
2005 do movimento global contra
a tuberculose, o Stop TB: 85%. Rio
de Janeiro e Amazonas são os estados campeões em incidência
(casos por 100 mil habitantes).
"O SUS [Sistema Único de Saúde] tem feito menos do que deveria", diz o secretário de Vigilância
em Saúde do ministério, Jarbas
Barbosa, que na última terça esteve em São Paulo para o lançamento do programa na região Sudeste.
O combate à tuberculose é uma
das 12 prioridades do ministério.
A idéia é fazer lançamentos regionais do programa para que ele
também "entre na agenda" de Estados e municípios, afirma o secretário. "Como não dá epidemia,
é uma doença esquecida."
O ministério anunciou um investimento de R$ 119,5 milhões
até 2007 para o combate a doença.
Barbosa destaca que o país já tem
o mais caro: uma rede de programas e serviços de saúde capaz de
reverter o quadro da doença. Outros US$ 15 milhões foram solicitados ao fundo global de combate
à malária, tuberculose e Aids.
"Estamos falando em 80 mil
doentes e um tratamento que custa apenas US$ 10. O grande investimento é a capacitação", diz Barbosa. "Não podemos ter um Programa de Saúde da Família que
não diagnostica".
Prevenção
O PSF é um programa que envolve cuidados preventivos e assistência humanizada, considerado um "reorganizador" da rede
de saúde -serve como porta de
entrada do sistema.
As equipes buscam e tratam os
casos simples e só deveriam encaminhar os graves. Financiado em
parte pelo ministério, é gerido pelos municípios, em geral, e deve
ter o acompanhamento dos governos estaduais.
O ministério promete capacitar
10 mil equipes até 2005 e mobilizar organizações sociais para melhorar a detecção e a cura -é preciso incentivo e acompanhamento para que o paciente não abandone o tratamento, o que custa
muito aos cofres públicos. A tuberculose pode se agravar e se tornar resistente a um grande número de antibióticos.
O preço do tratamento chega a
US$ 200 para pacientes com resistência às drogas.
A idéia é que, nos 280 municípios prioritários, garanta-se pelo
menos uma visita semanal do
doente ao posto.
(FABIANE LEITE)
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