São Paulo, quinta-feira, 22 de abril de 2004

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ACIDENTE NO SHOPPING

Uma das nove vítimas do desabamento, garoto ficou 16 dias internado e passou por 2 cirurgias

Lucas, 8, ficará 3 meses sem ir à escola

DA REPORTAGEM LOCAL

Lucas de Moura Braga, 8, a mais gravemente ferida das nove vítimas do desabamento de parte do teto do Shopping Eldorado (zona oeste de São Paulo), terá de ficar três meses sem correr, praticar atividades físicas e sem ir à escola. Com isso, Lucas, que cursa o terceiro ano do ensino fundamental no Colégio Adventista, em Taboão da Serra, pode perder o ano letivo.
O garoto passou 16 dias internado no Hospital das Clínicas e sofreu duas cirurgias no cérebro de mais de cinco horas cada para a retirada de hematomas.
Segundo a equipe médica que tratou de Lucas, os hematomas formados em seu cérebro foram resultado do forte impacto do reboco desprendido do teto contra a cabeça do garoto.
Após as duas cirurgias, o garoto apresentou um pequeno coágulo no cérebro -que pode ser absorvido pelo próprio organismo- que pede um monitoramento de três meses. Lucas passará esse período de repouso e reclusão à base de medicamentos anticonvulsivos. Só depois disso é que ele poderá retomar suas atividades normais.
"O problema dele foi muito grave, mas ele está bem", afirma o pai do garoto, Frederico José Braga. Ele diz que, "fora uma cicatriz bastante grande", o menino não terá outras seqüelas. "Mas o cérebro é um ponto de interrogação, portanto, precisamos ficar atentos a qualquer sinal de que algo não está bem."
Lucas e outras oito pessoas foram feridas no dia 3 de abril quando parte do reboco do teto do Shopping Eldorado despencou sobre a escada rolante que dá acesso ao primeiro piso.
Outra vítima grave do desabamento foi o engenheiro de produção Hélio Helfenstein Júnior, 37, que sofreu fraturas múltiplas no pé direito. Ele ficará com um gesso por um mês e depois realizará uma cirurgia de retirada de fios de aço colocados em seu pé.
Helfenstein Júnior afirma estar recebendo ajuda por parte do Eldorado, que providenciou cadeira de rodas, medicamentos e transporte para ele, que ainda não sabe se irá ou não processar o shopping por conta dos danos sofridos após o acidente. "Minha primeira preocupação é voltar a andar", afirmou.
O pai de Lucas afirma não ter requisitado nenhuma ajuda do Eldorado, mas diz que um funcionário do shopping visitou seu filho no hospital todos os dias. Braga também não sabe se vai processar o shopping, que, segundo sua assessoria, informa não ter sido acionado por nenhuma das vítimas do acidente.
"Deveria ser aberto um inquérito para apurar o que realmente ocorreu", diz o pai de Lucas.
O laudo sobre as causas do acidente deve sair no dia 26 e, segundo o shopping, as medidas de segurança solicitadas pela prefeitura já foram tomadas.
"Só depois, com base nesse esclarecimento, pretendo tomar as medidas cabíveis", afirma Braga.
Enquanto a dúvida sobre o processo persiste, o pai de Lucas afirma que só tem a certeza de que não voltará ao shopping. (FERNANDA MENA)


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