São Paulo, segunda-feira, 22 de maio de 2000


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Projeto é criticado pelo Crea

DA SUCURSAL DO RIO

Mesmo atingindo um número grande de pessoas -297 mil até o próximo ano-, as obras do Favela Bairro sofrem críticas do Crea (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura) e de moradores em áreas já beneficiadas.
Parte de Três Pontes (zona oeste) convive com lagoas de esgoto a céu aberto. No local, a prefeitura afirma ter gasto R$ 7.661.513,00 em pavimentação, iluminação, implantação de rede de água, esgotos, abertura de ruas, praças e uma creche.
Os moradores da Área Cinco, nos limites da favela, dizem que as lagoas foram formadas depois que um valão foi canalizado, interrompendo o sistema de esgotos que eles mesmos haviam construído antes do projeto. Sem ter como chegar ao valão, os esgotos se acumularam nas partes baixas, perto das casas.
Ao lado de Três Pontes, está a favela Divinéia, onde moradores afirmam que antigas e eficientes redes de esgoto foram retiradas para colocação de novas tubulações que, no entanto, teriam sido subdimensionadas, o que causa constantes entupimentos.
Para contornar o problema, muitos moradores fizeram ligações clandestinas na rede de água pluvial. O resultado é que, quando chove, há transbordamento de esgoto nas ruas e casas.
Mesmo no Parque Royal (zona norte), onde as obras são elogiadas pelos moradores, há problemas com o novo sistema de esgoto. Nesse caso, as obras do Favela Bairro construíram a rede coletora, que é ligada às tubulações da Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgoto).
As obras de uma avenida, também construída pela prefeitura, cortaram a ligação das tubulações da Cedae com um ramal principal, que levaria o esgoto para uma estação de tratamento. O resultado é que o esgoto acaba sendo jogado num canal que volta para a frente da própria favela.
O presidente do Crea, José Chacon, afirma que a prefeitura falhou na fiscalização das empreiteiras contratadas para a execução de obras. "A qualidade é fundamental, não adianta gastar todo o dinheiro sem controlar o resultado final", diz ele.
Chacon falou que é atribuição do Crea a fiscalização do exercício profissional de engenheiros e arquitetos e que o Crea poderá fazer isso em relação ao Favela Bairro.
O secretário municipal de Habitação nega que haja problemas de qualidade nas obras do projeto e diz que todas as reclamações serão solucionadas, caso sejam consideradas procedentes.


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