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Polícia do Rio mata 34,6% a mais em 2002
FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO
O número de pessoas mortas
em confronto com a polícia do
Rio deu um salto neste ano: de janeiro a abril, foram 276 mortes
-média de 69 por mês.
É um crescimento de 34,6% em
relação ao primeiro quadrimestre
de 2001 (205 ao todo ou 51,2 mortos/mês), mostram os dados da
Secretaria da Segurança Pública.
O aumento atinge os três últimos meses do governo de Anthony Garotinho (PSB) e o primeiro mês de Benedita da Silva
(PT), que assumiu o cargo quando o antecessor se licenciou para
disputar a Presidência.
Em abril, já na gestão de Benedita, 70 pessoas morreram em confrontos com a polícia. Houve 63
mortes em março, 57 em fevereiro
e 86 em janeiro.
Na capital, a média mensal de
mortes no primeiro quadrimestre
foi de 44,3 -um aumento de 30%
em relação a 2001 e um número
superior às 32 mortes mensais registradas em 1996, no auge da
"gratificação faroeste".
Instituída em 1995, no governo
Marcello Alencar (PSDB), a gratificação premiava os policiais "por
bravura", mas acabou estimulando os confrontos e as mortes.
Uma pesquisa realizada pelo sociólogo Ignacio Cano, do Iser
(Instituto de Estudos da Religião),
mostrou que a "gratificação faroeste" dobrou de 16 para 32 o número mensal de mortes praticadas por policiais no município do
Rio. A gratificação vigorou até junho de 1998, quando foi suspensa
pela Assembléia Legislativa.
O aumento das mortes em confrontos com a polícia voltou a
ocorrer no Estado em 2000, quando o total de casos chegou a 427
(35,5 por mês), sendo 116 no primeiro quadrimestre (29 por mês).
Em 2001, houve 592 casos (49,3
por mês), sendo 205 no primeiro
quadrimestre (51,3 por mês).
A morte em confronto é um indicador que muitas vezes é esquecido na estatística da violência,
pois, oficialmente, mede as mortes de "delinquentes".
Existe a suspeita, porém, de que
muitas dessas mortes resultaram
de execuções extrajudiciais. O estudo do Iser mostrou que, de 1993
a 1996, 65% das vítimas de policiais levaram tiros na cabeça.
Na avaliação de Ignacio Cano, o
aumento dos autos de resistência
está relacionado a vários fatores,
como o treinamento e a ação policial voltados para o confronto.
"Em 99, o governo diminuiu os
confrontos e pediu desculpas pela
morte de um menino. Depois, recuou politicamente, e os confrontos aumentaram", afirmou.
Outro lado
Secretário da Segurança na gestão de Anthony Garotinho, o coronel PM Josias Quintal disse que
o aumento das mortes em confrontos a partir de 2000 é "um indicador de que a polícia está trabalhando".
O atual secretário da Segurança,
Roberto Aguiar, tem dito que o
governo recebeu uma herança de
violência, com indicadores de criminalidade em patamares muito
altos.
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