São Paulo, domingo, 22 de maio de 2005

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GRANDE IRMÃO

Cidade do interior de São Paulo é monitorada 24 horas por dia com equipamento de transmissão por ondas

Câmeras filmam tudo nas ruas de Itatiba

DO "AGORA"

Pode-se dizer que o "Big Brother" ("Grande Irmão") do romance "1984", do escritor britânico George Orwell (1903-1950), é vivido hoje diariamente pelos cerca de 92 mil habitantes da pacata Itatiba (84 km de SP), onde 65 câmeras gravam, 24 horas por dia, tudo e todos que passam pelas ruas da cidade.
Na obra ficcional de Orwell, escrita em 1948 para criticar os regimes totalitários da época, as câmeras são parte do controle ostensivo do Estado sobre os cidadãos de um país imaginário chamado Oceania. Em Itatiba, as 65 câmeras, algumas delas com poder de aproximação de até 2 km e giro de 360, são mantidas pela prefeitura da cidade para aumentar a segurança local, como parte do projeto "Olho Vivo", no qual já foram gastos cerca de R$ 700 mil.
Conhecida pelos aficionados em tecnologia como a principal "cidade wireless" (cidade sem fio) do Brasil, Itatiba usa câmeras desde 2001 para cuidar das ruas, das escolas e dos órgãos públicos com grande movimentação, como o fórum. Assim que foi implantado, o sistema levantou algumas discussões sobre a privacidade dos habitantes. "Logo foram esquecidas", afirma o prefeito José Roberto Fumach (PMDB).
De acordo com Fumach e com os diretores da empresa AT4, José Antônio Baptistão, 42 anos, e Alberto Pamos, 44, responsáveis pela implantação do "Big Brother" de Itatiba, uma das principais vantagens do projeto é que as transmissões dos dados captados são feitas por ondas, como os rádios, e sem a necessidade da utilização de fibra ótica -cabo que tem custo elevado.
"Nosso sistema de câmeras sem fio foi até copiado pelos americanos, que o implantaram para monitorar a baía de São Francisco, na Califórnia", conta Pamos.
Atualmente, as imagens captadas pelas câmeras de Itatiba ficam armazenadas em uma central operada por guardas municipais. A interligação com as polícias Civil e Militar, que têm respectivamente o dever legal de investigação e policiamento preventivo, ainda é estudada e depende de autorizações por parte da Secretaria da Segurança Pública para ser efetivado, explica Baptistão.
O guarda municipal Marcel Regitano Teixeira, 31 anos, um dos que operam as câmeras na central do "Olho Vivo", acredita que as câmeras espalhadas por Itatiba ajudam a inibir o crime. "Antes de fazer algo errado aqui em Itatiba, a pessoa deve pensar bem, pois estamos de olho o tempo todo."
Até o fim deste ano, a cidade pretende fazer com que os 15 postos de saúde e as 60 escolas locais estejam interligadas com a central inteligente, tudo usando o sistema wireless, que funciona com transmissão de dados por ondas, como os rádios. (ANDRÉ CARAMANTE)


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