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GRANDE IRMÃO
Cidade do interior de São Paulo é monitorada 24 horas por dia com equipamento de transmissão por ondas
Câmeras filmam tudo nas ruas de Itatiba
DO "AGORA"
Pode-se dizer que o "Big Brother" ("Grande Irmão") do romance "1984", do escritor britânico George Orwell (1903-1950), é
vivido hoje diariamente pelos cerca de 92 mil habitantes da pacata
Itatiba (84 km de SP), onde 65 câmeras gravam, 24 horas por dia,
tudo e todos que passam pelas
ruas da cidade.
Na obra ficcional de Orwell, escrita em 1948 para criticar os regimes totalitários da época, as câmeras são parte do controle ostensivo do Estado sobre os cidadãos de um país imaginário chamado Oceania. Em Itatiba, as 65
câmeras, algumas delas com poder de aproximação de até 2 km e
giro de 360, são mantidas pela
prefeitura da cidade para aumentar a segurança local, como parte
do projeto "Olho Vivo", no qual já
foram gastos cerca de R$ 700 mil.
Conhecida pelos aficionados
em tecnologia como a principal
"cidade wireless" (cidade sem fio)
do Brasil, Itatiba usa câmeras desde 2001 para cuidar das ruas, das
escolas e dos órgãos públicos com
grande movimentação, como o
fórum. Assim que foi implantado,
o sistema levantou algumas discussões sobre a privacidade dos
habitantes. "Logo foram esquecidas", afirma o prefeito José Roberto Fumach (PMDB).
De acordo com Fumach e com
os diretores da empresa AT4, José
Antônio Baptistão, 42 anos, e Alberto Pamos, 44, responsáveis pela implantação do "Big Brother"
de Itatiba, uma das principais
vantagens do projeto é que as
transmissões dos dados captados
são feitas por ondas, como os rádios, e sem a necessidade da utilização de fibra ótica -cabo que
tem custo elevado.
"Nosso sistema de câmeras sem
fio foi até copiado pelos americanos, que o implantaram para monitorar a baía de São Francisco, na
Califórnia", conta Pamos.
Atualmente, as imagens captadas pelas câmeras de Itatiba ficam
armazenadas em uma central
operada por guardas municipais.
A interligação com as polícias Civil e Militar, que têm respectivamente o dever legal de investigação e policiamento preventivo,
ainda é estudada e depende de autorizações por parte da Secretaria
da Segurança Pública para ser efetivado, explica Baptistão.
O guarda municipal Marcel Regitano Teixeira, 31 anos, um dos
que operam as câmeras na central
do "Olho Vivo", acredita que as
câmeras espalhadas por Itatiba
ajudam a inibir o crime. "Antes de
fazer algo errado aqui em Itatiba,
a pessoa deve pensar bem, pois
estamos de olho o tempo todo."
Até o fim deste ano, a cidade
pretende fazer com que os 15 postos de saúde e as 60 escolas locais
estejam interligadas com a central
inteligente, tudo usando o sistema
wireless, que funciona com transmissão de dados por ondas, como
os rádios.
(ANDRÉ CARAMANTE)
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