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São Paulo, domingo, 22 de junho de 2003

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SAÚDE

O setor, responsável pela segunda maior rede de hospitais do Estado de SP, reconhece que os serviços estão sucateados

Em crise, filantrópicos culpam governo

DA REPORTAGEM LOCAL

Responsável pela segunda maior rede de hospitais do Estado de São Paulo, o setor filantrópico reconhece o sucateamento de seus serviços e atribui a atual situação à imobilidade do governo.
"É claro que nossas entidades querem remunerar melhor seus médicos e funcionários. Trabalhar sem equipamentos adequados não é vontade de ninguém", diz José Alberto Monteclaro Cesar, presidente da Federação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas do Estado de São Paulo.
"O mais grave são os valores da tabela de procedimentos do SUS, que não cobrem os custos dos serviços. O governo federal e o estadual nos classificam como parceiros prioritários e defendem o reajuste da tabela SUS, mas por enquanto nada foi feito", diz Cesar.
Segundo a federação, uma ultra-sonografia ginecológica custa R$ 45 para os hospitais filantrópicos, mas o SUS repassa só R$ 7. "Que hospital mantém equipamentos e pessoal com essa defasagem?", afirma Cesar.
Alguns filantrópicos devem o faturamento de cinco meses e meio a fornecedores, INSS e Receita, segundo dados da Abrahue (Associação Brasileira de Hospitais Universitários e de Ensino) referentes principalmente aos que mantêm faculdades de medicina. A federação não tem um balanço da dívida total dos mais de 300 filantrópicos do Estado.
Mais de 53% das entidades filantrópicas estão no interior do Estado e a maior parte delas é de pequeno porte financeiro. Trabalham com baixa e média complexidade e, na maioria das vezes, são o único hospital da cidade, informa a federação.
O levantamento do Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) mostrou que, em geral, 52,5% dos hospitais têm área física inadequada -falta do espaço adequado entre leitos, por exemplo. Essa taxa foi de 70% para os serviços filantrópicos.
O setor também teve pior desempenho na avaliação do preenchimento dos prontuários e na análise de equipamentos das enfermarias, salas de cirurgia e das equipes dos prontos-socorros.
O Sindhosp, que representa hospitais privados lucrativos, não quis comentar os resultados do levantamento do Cremesp.
(FABIANE LEITE)


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