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SAÚDE
O setor, responsável pela segunda maior rede de hospitais do Estado de SP, reconhece que os serviços estão sucateados
Em crise, filantrópicos culpam governo
DA REPORTAGEM LOCAL
Responsável pela segunda
maior rede de hospitais do Estado
de São Paulo, o setor filantrópico
reconhece o sucateamento de
seus serviços e atribui a atual situação à imobilidade do governo.
"É claro que nossas entidades
querem remunerar melhor seus
médicos e funcionários. Trabalhar sem equipamentos adequados não é vontade de ninguém",
diz José Alberto Monteclaro Cesar, presidente da Federação das
Santas Casas de Misericórdia,
Hospitais e Entidades Filantrópicas do Estado de São Paulo.
"O mais grave são os valores da
tabela de procedimentos do SUS,
que não cobrem os custos dos serviços. O governo federal e o estadual nos classificam como parceiros prioritários e defendem o reajuste da tabela SUS, mas por enquanto nada foi feito", diz Cesar.
Segundo a federação, uma ultra-sonografia ginecológica custa
R$ 45 para os hospitais filantrópicos, mas o SUS repassa só R$ 7.
"Que hospital mantém equipamentos e pessoal com essa defasagem?", afirma Cesar.
Alguns filantrópicos devem o
faturamento de cinco meses e
meio a fornecedores, INSS e Receita, segundo dados da Abrahue
(Associação Brasileira de Hospitais Universitários e de Ensino)
referentes principalmente aos que
mantêm faculdades de medicina.
A federação não tem um balanço
da dívida total dos mais de 300 filantrópicos do Estado.
Mais de 53% das entidades filantrópicas estão no interior do
Estado e a maior parte delas é de
pequeno porte financeiro. Trabalham com baixa e média complexidade e, na maioria das vezes, são
o único hospital da cidade, informa a federação.
O levantamento do Cremesp
(Conselho Regional de Medicina
do Estado de São Paulo) mostrou
que, em geral, 52,5% dos hospitais
têm área física inadequada -falta
do espaço adequado entre leitos,
por exemplo. Essa taxa foi de 70%
para os serviços filantrópicos.
O setor também teve pior desempenho na avaliação do preenchimento dos prontuários e na
análise de equipamentos das enfermarias, salas de cirurgia e das
equipes dos prontos-socorros.
O Sindhosp, que representa
hospitais privados lucrativos, não
quis comentar os resultados do levantamento do Cremesp.
(FABIANE LEITE)
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