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Corregedoria ouve 3 policiais citados em escuta sobre bingo
Gravações da PF apontam que associação de bingos subornava investigadores
Delegada ingressou com um pedido na Justiça para ter acesso às gravações da Operação Têmis que tenham policiais envolvidos
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo convocou para
depor os três policiais citados
em telefonemas em que há
menção a pagamentos feitos
pela Abrabin (Associação Brasileira dos Bingos) a investigadores. As conversas, gravadas
durante as investigações da
Operação Têmis, foram reveladas ontem pela Folha.
Nos diálogos, a presidente-executiva da Abrabin, a advogada Danielle Chiorino Figueiredo, conversa com um investigador da Delegacia Seccional
Oeste sobre um pagamento no
valor de "um zero zero".
O valor é interpretado por
policiais como sendo R$ 100
mil, já que a fonte pagadora é a
Abrabin -o que a defesa de Danielle nega (leia texto abaixo).
Os policiais civis convocados
pela corregedoria são:
- Reinaldo de Castro, investigador da Delegacia Seccional
Oeste, que aparece no grampo
fazendo o pedido de pagamento a Danielle. Nos telefonemas,
trocados em janeiro deste ano,
ele explica que é novo na seccional porque houve uma troca
na delegacia provocada pela
posse do novo governador;
- Fábio, que recolhia o dinheiro nos anos anteriores, segundo o relato da presidente-executiva da Abrabin; e
- Bonifácio, ex-chefe dos investigadores do 15º Distrito
Policial, no Itaim-Bibi, na zona
sul de São Paulo. Danielle diz
numa das conversas que ele informava a Abrabin quando mudava o policial que iria passar
na entidade. A sede da associação fica nesse bairro.
A polícia não revelou os sobrenomes de Fábio e Bonifácio.
Os cinco diálogos gravados
pela PF ocorreram entre os
dias 26 e 29 de janeiro deste
ano. Neles, a presidente-executiva da Abrabin fica surpresa ao
ser informada que mudaram os
policiais da Delegacia Seccional Oeste que, aparentemente,
passavam na sede da entidade
para pegar dinheiro.
Ontem, a delegada Cintia
Quaggio, da corregedoria, convocou os três investigadores e
ingressou com um pedido à
Justiça para ter acesso às gravações da Operação Têmis que
citem policiais civis.
A delegada deve abrir um novo inquérito para investigar os
policiais citados nas gravações
da PF. Ela já toca um inquérito
sobre envolvimento de policiais com supostos pagamentos
de propina. A origem desse inquérito são documentos
apreendidos num carro acidentado do advogado Jamil
Chokr, que citam supostos pagamentos a investigadores.
Afastamento
Na última terça, Afonso
Henriques Soares Rodrigues,
chefe dos investigadores do
Deic (Departamento de Investigações Sobre o Crime Organizado), órgão da Polícia Civil,
afastou-se do cargo.
Rodrigues alega desejar que
as investigações da corregedoria "transcorram de maneira
transparente". Ele é amigo de
Chokr e passará a fazer trabalhos administrativos.
Colaborou ANDRÉ CARAMANTE, da Reportagem Local
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