São Paulo, sábado, 22 de julho de 2000


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HABITAÇÃO
Prefeitura de São Paulo afirma que moradores serão transferidos gradualmente dos quatro pontos de atendimento
Famílias estão há mais de 5 anos em abrigos

DA REPORTAGEM LOCAL

Famílias removidas para abrigos construídos pela prefeitura como solução temporária esperam, algumas há mais de cinco anos, pela transferência prometida. Alguns abrigos, como o criado há seis anos perto da rua Zachi Narchi, em Santana (zona norte), atendem mais de cem famílias.
O local, onde as famílias foram levadas com promessas de transferência em três meses, já tem até um bar construído pelos moradores há três anos e serviços caseiros, como o de costureira.
José Ferreira Filho, 24, mora há dois anos no local e ontem comemorava com um churrasco na porta de casa o primeiro aniversário do filho, nascido no abrigo. "Disseram que a gente ia logo para outro local, mas ainda não fomos transferidos", afirma.
Um das moradoras mais antigas de lá é Maria do Desterro, 30, transferida há quatro anos depois que o barraco onde morava, na Sé, foi destruído pela prefeitura por apresentar riscos.
"Me disseram que eu ficaria aqui só três meses. Já estou há quatro anos. Mas gosto daqui e, se puder, fico mais quatro", afirma a moradora, que oferece seus serviços de costureira e de babá para os demais moradores.
Atualmente, a Secretaria Municipal da Habitação mantém quatro abrigos temporários, em Santa Etelvina (zona leste), Santana (zona norte), Cingapura Lidiane (zona norte) e Pontal do Paranapanema (oeste de São Paulo).
As famílias são levados para esses locais por causa de emergências como incêndios, remoção de casas em perigo ou de transferência temporária de locais onde serão construídos conjuntos habitacionais, como o Cingapura.
A secretaria da Habitação informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que as famílias estão sendo transferidas gradualmente.
No abrigo de Santana, parte das casas já foi demolida após algumas famílias terem sido removidas para outras casas.
Atualmente, 447 famílias vivem em abrigos provisórios da prefeitura, onde geralmente vivem em apenas um cômodo, como no caso de José Gildézio, 29, que mora com a mulher e três filhos em um quarto no abrigo de Santana.
A secretaria informou que não pretende estabelecer permanentemente os moradores em nenhum dos abrigos, mas que está fazendo melhorias em todos eles para evitar riscos à saúde. Uma das estratégias que a secretaria adota para ajudar na saída dos moradores dos abrigos é dar uma ajuda de R$ 2.100 para que eles recomecem a vida em outro lugar.



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