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Paciente do SUS chega de madrugada e pega fila
DA REPORTAGEM LOCAL
Sorrindo e batendo palmas, o
guarda chega para organizar a fila. "Os homens atrás, as mulheres
na frente", diz, provocando risadas nas dezenas de pessoas que
aguardavam para tentar marcar
um exame no setor SUS de radiologia do Hospital das Clínicas de
São Paulo, na zona oeste da capital, na última terça-feira.
Maria, 66, aposentada tinha
chegado às 4h, vinda de Santana, e
puxava o coro das reclamações.
"Não acho justo. Se eles podem
pagar, porque não deixam mais
lugar para a gente?", respondeu
quando questionada sobre a outra porta, a dos exames dos convênios, que fica a menos de um
metro da porta SUS. O outro setor
tem vaso de flor de enfeite e cadeiras estofadas. "Cheguei às 4h e
nem sei se vou conseguir marcar", disse a aposentada.
As filas do SUS, obviamente,
não são um problema só da segunda porta. Mas, para os críticos
do atendimento a planos, abrir o
hospital para o setor privado significa desprezar a demanda monumental do sistema público, cujas origens são a falta de organização do sistema e déficit de recursos, entre outros problemas.
Ivete, 37, teve metástase do câncer de mama. Saiu do Campo
Limpo (zona sul) às 4h30 naquele
dia, caminhou dez minutos no escuro até o ponto de ônibus.
Chegou ao hospital às 5h30 e esperou no frio, em pé. Depois, segundo ela mesmo descreve, ficou
esperando sentada no banco duro. Saiu às 8h do hospital, com o
exame de ultra-som de mama, para avaliar o estágio da doença,
marcado para outubro. Ela disse que iria conversar com o médico,
para que ele tentasse "cavar" a realização do exame antes.
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