São Paulo, quinta, 22 de outubro de 1998

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ACIDENTE
Segundo o Cenipa, categoria concentra vôos com diferentes tipos de risco
Aviação executiva lidera os acidentes aéreos no Brasil

FABIO SCHIVARTCHE
da Reportagem Local

O acidente com o avião Brasília da empresa BSB Capital Taxi Aéreo, em Fortaleza, engrossa as estatísticas que revelam o risco de vôo das aeronaves da categoria executiva -a que mais sofre acidentes no Brasil.
Dos 65 acidentes registrados até o dia 9 de outubro deste ano pelo Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), 44 foram com aviões da classe executiva -67,7%.
No ano passado, essa categoria (que inclui aviões de fretamento, particulares e de serviço à indústria e comércio, com motores a jato e convencionais) foi responsável por dois a cada três acidentes -52 das 78 ocorrências, uma média pouco inferior à deste ano.
A aviação executiva lidera o número de acidentes porque concentra vôos com diferentes tipos de risco, diz o chefe do Cenipa, coronel Paulo Albano Penteado.
"Esses aviões estão em operações (viagens) em regiões com acesso difícil, como fazendas no interior e na Amazônia. E, muitas vezes, a pista de pouso nem está homologada e não apresenta condições ideais", explica.
Há também um fator relacionado à falta de preparo dos pilotos. "São, em geral, aviões comandados por pilotos inexperientes que estão voando na categoria executiva justamente para ganhar horas de vôo e poder ir para grandes empresas", diz Penteado.
O Brasília é um avião bimotor turboélice, da marca Pratt & Whitney PW118, destinado à aviação regional. Tem autonomia de vôo de 1.482 km e velocidade de cruzeiro de 556 km/h. O avião tem capacidade para transportar 30 passageiros e é utilizado por 29 empresas espalhadas em 14 países.

Manutenção
A Embraer não era responsável pela manutenção da aeronave que caiu ontem. A empresa de taxi aéreo tinha permissão do Ministério da Aeronáutica para realizar as revisões -que devem ser feitas a cada 125 horas de vôo.
O comandante e instrutor de vôo do Boeing-737/500 da Rio-Sul Wagner Wolfgang Muller disse que nem sempre as empresas de taxi aéreo respeitam o limite de vôo de 125 horas antes de cada revisão. "Não sei se foi o caso da empresa em questão, mas muitas burlam esse tempo de vôo."
Muller trabalhou quatro anos na Embraer como instrutor de vôo do Brasília e pilotou o avião para a Rio-Sul por cinco anos, somando mais de 5.000 horas de vôo.
"Em todo esse tempo nunca tive problemas com o modelo. Ele é extremamente seguro e é um dos melhores da categoria", disse.


Colaborou a Folha Vale



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