|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ACIDENTE
Segundo o Cenipa, categoria concentra vôos com diferentes tipos de risco
Aviação executiva lidera os acidentes aéreos no Brasil
FABIO SCHIVARTCHE
da Reportagem Local
O acidente
com o avião
Brasília da empresa BSB Capital Taxi Aéreo,
em Fortaleza,
engrossa as estatísticas que revelam o risco de vôo das aeronaves
da categoria executiva -a que
mais sofre acidentes no Brasil.
Dos 65 acidentes registrados até
o dia 9 de outubro deste ano pelo
Cenipa (Centro de Investigação e
Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), 44 foram com aviões da
classe executiva -67,7%.
No ano passado, essa categoria
(que inclui aviões de fretamento,
particulares e de serviço à indústria e comércio, com motores a jato e convencionais) foi responsável por dois a cada três acidentes
-52 das 78 ocorrências, uma média pouco inferior à deste ano.
A aviação executiva lidera o número de acidentes porque concentra vôos com diferentes tipos de
risco, diz o chefe do Cenipa, coronel Paulo Albano Penteado.
"Esses aviões estão em operações (viagens) em regiões com
acesso difícil, como fazendas no
interior e na Amazônia. E, muitas
vezes, a pista de pouso nem está
homologada e não apresenta condições ideais", explica.
Há também um fator relacionado à falta de preparo dos pilotos.
"São, em geral, aviões comandados por pilotos inexperientes que
estão voando na categoria executiva justamente para ganhar horas
de vôo e poder ir para grandes empresas", diz Penteado.
O Brasília é um avião bimotor
turboélice, da marca Pratt & Whitney PW118, destinado à aviação
regional. Tem autonomia de vôo
de 1.482 km e velocidade de cruzeiro de 556 km/h. O avião tem capacidade para transportar 30 passageiros e é utilizado por 29 empresas espalhadas em 14 países.
Manutenção
A Embraer não era responsável
pela manutenção da aeronave que
caiu ontem. A empresa de taxi aéreo tinha permissão do Ministério
da Aeronáutica para realizar as revisões -que devem ser feitas a cada 125 horas de vôo.
O comandante e instrutor de vôo
do Boeing-737/500 da Rio-Sul
Wagner Wolfgang Muller disse
que nem sempre as empresas de
taxi aéreo respeitam o limite de
vôo de 125 horas antes de cada revisão. "Não sei se foi o caso da
empresa em questão, mas muitas
burlam esse tempo de vôo."
Muller trabalhou quatro anos na
Embraer como instrutor de vôo
do Brasília e pilotou o avião para a
Rio-Sul por cinco anos, somando
mais de 5.000 horas de vôo.
"Em todo esse tempo nunca tive
problemas com o modelo. Ele é
extremamente seguro e é um dos
melhores da categoria", disse.
Colaborou a Folha Vale
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|