São Paulo, quinta, 22 de outubro de 1998

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SEGURANÇA 2
Para entidade, transporte de detento deveria ser feito por PM, enquanto civis se concentrariam em investigação
Policial civil vira babá de preso, diz sindicato

ANDRÉ LOZANO
da Reportagem Local

O presidente do Sindicato dos Investigadores de São Paulo, Lourival Carneiro, disse que hoje os policiais civis, em vez de exercerem sua atribuição original de investigação, tornaram-se "babás de preso".
"O investigador está fora de suas funções. Ele está tendo de transportar presos, quando isso deveria ser uma atribuição da PM, que é mais preparada e equipada para esse serviço. Hoje o policial civil se tornou babá de preso."
Segundo o presidente do sindicato, com a superlotação dos distritos policiais, delegados e investigadores de polícia acabam "perdendo tempo" na administração da cadeia, "quando poderiam estar investigando crimes". "Atualmente, a Polícia Civil não é uma corporação de investigação, mas de guarda de preso."
Lourival Carneiro disse que o caso de ontem, com a morte de um policial e ferimento grave de outro por dois presos causou "sentimento de revolta na corporação".
"Ficamos chocados com o fato, embora ele fosse previsível. Hoje os crimes estão mais audaciosos e os criminosos, mais violentos."
O presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo, Paulo Roberto Siquetto, considerou o fato de ontem "lamentável". "Na Constituição, a atribuição da Polícia Civil é de investigação, não de escolta."
"Quando se retira o policial civil da investigação para transportar preso, aumenta a impunidade, uma vez que os delitos deixam de ser apurados."

Secretaria
A cúpula da Secretaria da Segurança Pública foi sendo informada ao longo do dia sobre os acontecimentos com os policiais do 14º DP, embora não tenha se envolvido diretamente no episódio.
O secretário da Segurança Pública, José Afonso da Silva, não cancelou sua presença na inauguração de um DP, em Diadema (Grande SP). O secretário-adjunto, Luiz Antonio Alves de Souza, despachou normalmente. O caso ficou sob responsabilidade direta do Decap (Departamento de Polícia Judiciária da Capital).



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