São Paulo, sexta-feira, 22 de novembro de 2002

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CASO PEDRINHO

Orelha dobrada e conversa com Vilma foram as razões que levaram Gabriela A. Borges a ligar para o SOS Criança

Mãe de criação deu pista para desvendar caso

FABIANO MAISONNAVE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM GOIÂNIA

A orelha dobrada de Pedrinho e uma conversa com sua mãe adotiva, Vilma Martins Costa, foram os motivos que levaram Gabriela Azeredo Borges, de 19 anos, a ligar ao SOS Criança, no final de outubro, e dizer que havia encontrado o bebê sequestrado há quase 17 anos de dentro de uma maternidade de Brasília.
Amiga de Pedrinho, Gabriela é neta de Osvaldo Borges, morto em 19 de outubro passado. Seu pai, Jorge Borges, 43, é filho do primeiro casamento de Osvaldo. A família mora em um apartamento de classe média na região central de Goiânia.
A estudante universitária conta que, em uma conversa com Vilma, teve a primeira suspeita de que Pedrinho, registrado como Osvaldo Borges Jr., não era filho legítimo do casal.
O encontro da duas foi no hospital onde Osvaldo Borges estava internado com câncer, em Goiânia (GO). Ele morreria dois dias mais tarde.
"A Vilma soltou que ela já tinha feito a cirurgia [de laqueadura] há uns 20 anos. A minha família já desconfiava de que ele [Pedrinho] não era filho do meu avô pela aparência. Aí eu resolvi procurar saber melhor dessa história", contou a garota.
Dois dias depois da morte do avô, Gabriela conta que fez a ligação entre a desconfiança de Vilma e o sequestro de Pedrinho.

Internet
Fazendo buscas na internet em sites de crianças desaparecidas, Gabriela se deparou com a foto do pai biológico de Pedrinho, Jayro Tapajós Braule Pinto.
"O que me chamou a atenção foi aquela orelha meio dobrada, parecida com a do pai dele", diz a estudante. Outro indício foi o mês de aniversário de Pedrinho, em janeiro.
No dia seguinte, ela ligou para o SOS Criança de Brasília, que a orientou a pegar um fio de cabelo de Pedrinho para fazer um exame de DNA.
O plano não deu certo: "A gente ia se encontrar numa festa de 15 anos, mas ele não foi".
Desde então, Gabriela só conversou uma vez com Pedrinho, por telefone. Foi em 9 de novembro, um dia depois do resultado do DNA.
"Liguei para dar uma força, para ele se aproximar da outra família. Ele disse que não sabia o que ia fazer", disse.

Simulação
A atitude de Gabriela e a morte de Osvaldo devem piorar ainda mais a relação entre as duas famílias. Seu pai, Jorge, afirma que Vilma simulou a gravidez para convencer Osvaldo a ficar com ela. Ele teria morrido sem saber que Pedrinho não era seu filho.
"Com o tempo ele vai ver que não fiz isso por vingança pela Vilma ter tirado o meu avô de casa. Fiz isso porque ele tinha uma família que tinha o direito de saber onde ele estava", diz Gabriela.


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