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CASO PEDRINHO
Orelha dobrada e conversa com Vilma foram as razões que levaram Gabriela A. Borges a ligar para o SOS Criança
Mãe de criação deu pista para desvendar caso
FABIANO MAISONNAVE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM GOIÂNIA
A orelha dobrada de Pedrinho e
uma conversa com sua mãe adotiva, Vilma Martins Costa, foram os
motivos que levaram Gabriela
Azeredo Borges, de 19 anos, a ligar
ao SOS Criança, no final de outubro, e dizer que havia encontrado
o bebê sequestrado há quase 17
anos de dentro de uma maternidade de Brasília.
Amiga de Pedrinho, Gabriela é
neta de Osvaldo Borges, morto
em 19 de outubro passado. Seu
pai, Jorge Borges, 43, é filho do
primeiro casamento de Osvaldo.
A família mora em um apartamento de classe média na região
central de Goiânia.
A estudante universitária conta
que, em uma conversa com Vilma, teve a primeira suspeita de
que Pedrinho, registrado como
Osvaldo Borges Jr., não era filho
legítimo do casal.
O encontro da duas foi no hospital onde Osvaldo Borges estava
internado com câncer, em Goiânia (GO). Ele morreria dois dias
mais tarde.
"A Vilma soltou que ela já tinha
feito a cirurgia [de laqueadura] há
uns 20 anos. A minha família já
desconfiava de que ele [Pedrinho]
não era filho do meu avô pela aparência. Aí eu resolvi procurar saber melhor dessa história", contou a garota.
Dois dias depois da morte do
avô, Gabriela conta que fez a ligação entre a desconfiança de Vilma
e o sequestro de Pedrinho.
Internet
Fazendo buscas na internet em
sites de crianças desaparecidas,
Gabriela se deparou com a foto do
pai biológico de Pedrinho, Jayro
Tapajós Braule Pinto.
"O que me chamou a atenção
foi aquela orelha meio dobrada,
parecida com a do pai dele", diz a
estudante. Outro indício foi o mês
de aniversário de Pedrinho, em
janeiro.
No dia seguinte, ela ligou para o
SOS Criança de Brasília, que a
orientou a pegar um fio de cabelo
de Pedrinho para fazer um exame
de DNA.
O plano não deu certo: "A gente
ia se encontrar numa festa de 15
anos, mas ele não foi".
Desde então, Gabriela só conversou uma vez com Pedrinho,
por telefone. Foi em 9 de novembro, um dia depois do resultado
do DNA.
"Liguei para dar uma força, para ele se aproximar da outra família. Ele disse que não sabia o que ia
fazer", disse.
Simulação
A atitude de Gabriela e a morte
de Osvaldo devem piorar ainda
mais a relação entre as duas famílias. Seu pai, Jorge, afirma que Vilma simulou a gravidez para convencer Osvaldo a ficar com ela.
Ele teria morrido sem saber que
Pedrinho não era seu filho.
"Com o tempo ele vai ver que
não fiz isso por vingança pela Vilma ter tirado o meu avô de casa.
Fiz isso porque ele tinha uma família que tinha o direito de saber
onde ele estava", diz Gabriela.
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