DA REPORTAGEM LOCAL

O procurador-geral de Justiça do Estado de São Paulo, Luiz Antônio Guimarães Marrey, determinou ontem a abertura de uma investigação criminal contra o secretário da Segurança Pública do Estado de São Paulo, Saulo de Castro Abreu Filho.
Segundo Marrey, Abreu Filho admitiu em três entrevistas que policiais sob suas ordens desrespeitaram normas de direito internacional ao prender no Paraguai o traficante Claudair Lopes de Faria, conhecido como CL.
A prisão de CL ocorreu no início de junho deste ano. Foragido da Justiça desde 1995, o traficante morava com a mulher e um filho de seis anos em São Bernadino, uma conhecida região de veraneio localizada a 50 quilômetros de Assunção.
De acordo com a polícia, CL comandava do Paraguai uma rede de abastecimento de drogas para os Estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. O traficante se comunicava com sua quadrilha por meio de telefones via satélite.
Em gravações de conversas telefônicas de CL feitas pela polícia, o traficante afirmava ser "compadre de Beira-Mar", em referência ao traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar.
O procurador-geral de Justiça afirma que o ingresso da polícia em território paraguaio foi "ilícito" e determinou que Abreu Filho seja investigado pela prática de crime de abuso de autoridade, crime contra a pessoa e crime por meio de imprensa.
A assessoria de imprensa do secretário informou que os procedimentos foram regulares e que ele apenas utilizou uma expressão que facilitasse a compreensão dos leitores e expectadores.
De acordo com a nota, "a Secretaria da Segurança garante que houve absoluta transparência na prisão do citado criminoso, havendo documentos suficientes que comprovam que os procedimentos foram regulares". Mas, diz a nota, os detalhes de estratégias, ações e operações da polícia devem ser resguardados.
A secretaria ainda informou que a imprensa paraguaia noticiou a prisão e que o procurador-geral daquele país iniciou uma devassa em decorrência disso.


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