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EDUCAÇÃO
Faculdade Paulo Freire funcionava sem autorização do MEC; alunos terão de mover ação para reaver valores pagos
Justiça fecha faculdade irregular de SP
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de uma solicitação do
Ministério da Educação, a Justiça
determinou, no início deste mês,
o fechamento da Faculdade Paulo
Freire, que estava funcionando irregularmente na zona leste da capital paulista desde agosto com
cerca de 600 alunos.
É a primeira vez que ocorre um
caso deste tipo no governo Luiz
Inácio Lula da Silva (PT). Nos últimos oito anos, também não há
registro de fechamento de instituição superior irregular.
Os estudantes pagavam R$ 200
mensais. No processo seletivo, a
faculdade cobrou R$ 20 de taxa de
inscrição, além de um quilo de alimento não-perecível.
Agora os alunos terão de entrar
com ação na Justiça para tentar
receber o valor das mensalidades
de volta.
Alguns estudantes chegaram a
procurar o Ministério da Educação para tentar validar o período
em que estudaram, mas isso não é
possível.
Os alunos precisarão prestar
vestibular em outra instituição e
recomeçar os cursos.
Sem credenciamento
A Faculdade Paulo Freire, cuja
mantenedora é a Associação Brasileira de Pedagogia, funcionava
sem o credenciamento do Ministério da Educação.
Os cursos oferecidos -a maioria na área de humanas- também não tinham autorização. Entre eles havia jornalismo, direito e
comércio exterior.
Para funcionar, uma instituição
superior precisa passar pelo processo de credenciamento no ministério, inclusive com a apresentação de um PDI (Plano de Desenvolvimento Institucional), ou
seja, um projeto com estrutura, linha pedagógica, objetivos etc.
Além disso, é necessário o pedido de autorização para abertura e
funcionamento dos cursos. Ambos são concedidos por meio de
portaria assinada pelo ministro.
Na fase seguinte, a instituição deve requerer ao governo o processo de reconhecimento, que pode
ter validade de um a cinco anos.
Universidades e centros universitários têm autonomia para abrir
cursos, mas precisam solicitar o
reconhecimento.
De acordo com o diretor do Departamento de Supervisão do Ensino Superior do Ministério da
Educação, Mário Portugal Pederneiras, a faculdade só preencheu o
cadastro das instituições de ensino superior.
"Eles nem sequer fizeram o pedido de credenciamento", afirmou Pederneiras.
Convite
O MEC ficou sabendo do funcionamento da Faculdade Paulo
Freire depois de a instituição enviar ao escritório do ministério na
capital paulista um convite para o
coquetel de inauguração.
Em setembro último, o secretário de Educação Superior, Carlos
Roberto Antunes dos Santos, enviou ofício à mantenedora avisando que ela não estava autorizada a
funcionar.
Carlos Roberto Antunes dos
Santos também enviou documentos à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal, que entrou com uma medida cautelar na
Justiça pedindo providências.
Usando o slogan "Faculdade
Paulo Freire: um projeto social", a
instituição trazia no panfleto para
divulgar seu primeiro processo
seletivo a seguinte frase: "Estude e
construa sua própria história".
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