São Paulo, domingo, 22 de dezembro de 2002

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Terapia pode ser mais eficaz

DA REPORTAGEM LOCAL

Há muito paciente tentando corrigir com o bisturi o que deveria ser resolvido no divã do terapeuta. O mais grave é que há cirurgiões plásticos que se prestam a isso, como alerta a própria Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP).
"Operar sem indicação, ou em hora errada, só prejudica o paciente", diz Luiz Carlos Garcia, presidente da SBCP. "Às vezes é mais importante dizer não."
Importante, mas difícil. No Brasil, o número de cirurgias plásticas saltou de cem mil em 1994 para 360 mil no ano passado. São mil cirurgias por dia.
Em um mercado disputado por 3.800 profissionais credenciados -e centenas de outros que agem por conta própria-, muito paciente acaba indo para a sala de operação sem precisar ou acaba fazendo a cirurgia fora de hora.

Seleção
Mas há profissionais que levam muito a sério a indicação. "Com o culto ao corpo exagerado, é preciso cuidado para definir quem vai fazer e que não vai fazer uma plástica", diz Stella Crescenti Abdalla, 39, que já presidiu a regional catarinense da SBCP.
"Quanto mais experiente você fica, mais consultas pré-operatórias você faz. E mais vezes você contra-indica uma cirurgia plástica. E quanto mais você seleciona os casos, mais sucesso você consegue", diz a médica.
Na opinião dela, cirurgia plástica é para quem se gosta e para quem merece, não para quem quer. "Se alguém está gordo, infeliz no casamento, e quer resolver com uma plástica, não vou operar. Primeiro terá de fazer uma atividade física, perder peso, passar a gostar dela própria, aí sim. Plástica deve ser vista como um prêmio, um presente, não como um conserto."
Stella Abdalla diz que o mais fácil é operar. "Difícil é fazer a seleção, mostrar ao paciente que o importante é a harmonia e que todo corpo tem sua beleza. Sempre dá para melhorar, mas é preciso estar no peso e fazer uma atividade física." (AB)


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