São Paulo, domingo, 22 de dezembro de 2002

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EDUCAÇÃO

Brinquedotecas trabalham sem infra-estrutura

DO "AGORA"

Falta de verba e de pessoas com qualificação profissional fazem com que as brinquedotecas da Prefeitura de São Paulo, criadas para ser uma opção de lazer para as crianças, trabalhem com improviso e sem infra-estrutura.
O projeto, que teve sua primeira unidade criada há um ano e meio, conta hoje com seis endereços em funcionamento, instalados em clubes esportivos municipais. O gerenciamento é de responsabilidade da Secretaria Municipal de Esportes.
A reportagem visitou quatro das seis brinquedotecas da cidade na última quarta e verificou que o projeto ainda engatinha.
A maior parte dos brinquedos foi conseguida por meio de doação dos moradores da região. Não é difícil verificar brinquedos quebrados. Para tornar o projeto viável com pouco recurso, uma parte dos brinquedos é feita com material reciclado.
Duas das seis unidades não puderam ser visitadas pela reportagem porque estavam fechadas. As brinquedotecas da Barra Funda (zona oeste) e do Cambuci (zona sul) estão em recesso há duas semanas. Por falta de espaço, a brinquedoteca do Jardim Cabuçu (zona norte), inaugurada no dia 27 de novembro, foi instalada na casa de máquinas do clube, que está desativada. "Estamos aguardando uma reforma para arrumarmos um lugar melhor", disse a diretora do clube, Maria Inês Ramalho, 45.
A falta de pedagogos e o baixo número de monitores restringe o horário de funcionamento. A unidade da Mooca só funciona com agendamento. "Temos duas monitoras, mas uma está de férias. Ela vem quando tem escola agendada", confirma uma das administradoras do clube, Eleni Machado, 42.
A unidade do Ipiranga, a mais antiga, conseguiu um novo espaço com a divisão do salão do clube. A diretora, Adjacir de Toledo, 40, conta que conseguiu uma parceria com a viação Taboão e uma vez por mês busca crianças da favela de Heliópolis para passar o dia na brinquedoteca.

Outro lado
Segundo a coordenadora do projeto de brinquedotecas da prefeitura, a pedagoga e mestre em Educação Infantil Roselene Crepaldi, 39, a unidade do Cambuci passa por um rearranjo para receber o projeto Recreio nas Férias, também da prefeitura, e ficará fechada até o dia 6 de janeiro.
Já a unidade da Barra Funda funciona em parceria com a USP. "Como as monitoras são bolsistas da universidade, entram de férias nesta época do ano e a brinquedoteca acaba fechando." A reabertura da unidade ainda depende de um contrato de patrocínio.
Ela ressalva que a verba destinada para o projeto deste ano foi pequena. Segundo Roselene, o valor é de R$ 20 mil. "É preciso considerar que se fôssemos implantar o projeto nas condições ideais, ainda não existiria nenhuma dessas brinquedotecas."
Para o ano que vem, a intenção, segundo Roselene, é passar a responsabilidade das brinquedotecas para as subprefeituras.


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