São Paulo, terça, 22 de dezembro de 1998

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Aproximação deve ser gradual

da Reportagem Local

A devolução de crianças às famílias verdadeiras após anos de convivência com pais não biológicos pode trazer sérios prejuízos psicológicos aos filhos.
De acordo com a psicanalista Maria Luíza Ghirardi, a continuidade do vínculo familiar é fundamental para o equilíbrio emocional da criança.
"É do primeiro ao quinto ano de vida que ela forma sua estrutura psíquica, que dá condições a ela de se relacionar com o mundo. Se, aos 5 ou 6 anos, ela é retirada desse meio, as consequências podem ser muito graves", diz.
"Tudo o que ela construiu vem abaixo, ela desenvolve um sentimento de traição e a confiabilidade cai por terra."
Segundo a psicóloga Marcia Maria Agatti, que trabalha na Vara da Infância e da Juventude de São Miguel Paulista, a troca, se for determinada pela Justiça, nunca pode ser feita de maneira abrupta.
"A família biológica deve se aproximar aos poucos, num processo que pode demorar anos."
Ela afirma que é muito importante analisar os vínculos familiares porque há casos em que a família não biológica não tem condições ideais de vida para oferecer uma boa estrutura emocional à criança. "Muitas vezes, a falta de carinho e de proteção faz com que o filho não desenvolva fortes vínculos afetivos com a família não biológica. Nesses casos, é preciso avaliar a relação da criança com os pais verdadeiros, que devem se aproximar lentamente."



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