São Paulo, terça, 22 de dezembro de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ACIDENTE
Estalos e rachaduras foram motivo para a Defesa Civil ser chamada; 30 pessoas moravam no edifício no Rio
Prédio desaba, mas moradores escapam

Ana Carolina Fernandes/Folha Imagem
Destrocos do prédio de quatro andares que estava vazio antes de desabar ontem no subúrbio de Oswaldo Cruz, na zona norte do Rio



SERGIO TORRES
da Sucursal do Rio

Um prédio de quatro andares desabou ontem no subúrbio de Oswaldo Cruz (zona norte do Rio). Ninguém se feriu. O prédio estava vazio desde a véspera, quando moradores começaram a ouvir estalos.
O desabamento ocorreu às 9h40. O prédio caiu verticalmente. Inicialmente, estão sendo consideradas duas hipóteses para o desastre: sobrecarga de peso após a construção de dois pavimentos extras e infiltrações na base causadas por vazamento de água.
O edifício era o 1.060 da rua Carolina Machado, esquina com a rua Átila da Silveira, quase em frente à estação ferroviária. Havia no prédio 11 apartamentos e cinco lojas comerciais, no térreo.
Moravam no edifício 30 pessoas de nove famílias. Dois apartamentos não estavam ocupados.
As primeiras indicações de que algo não ia bem na estrutura foram notadas ao amanhecer de domingo. Moradores disseram que sentiram oscilações no prédio por volta de 8h. Minutos depois, foram ouvidos dois estalos.
Depois dos estalos, empregados de uma das lojas viram que uma coluna de sustentação apresentava rachaduras. Os moradores logo localizaram uma segunda coluna, com um afundamento de 5 cm.
A Defesa Civil foi chamada. Às 13h, os técnicos interditaram o prédio, sob a alegação de que havia 95% de chances dele desabar a qualquer momento.
Ontem de manhã, as colunas cederam ainda mais. Às 9h38, um pedaço de concreto caiu sobre a calçada. As pessoas começaram a gritar para que todos se afastassem, pois o prédio estava prestes a desabar. Dois minutos depois, a construção ruiu.
O chefe do Departamento de Vistoria da Secretaria Municipal de Urbanismo, Marcel Iglicky, disse que o desabamento pode ter sido causado pela infiltração da água de uma cisterna nas fundações do prédio.
Outra hipótese seria a sobrecarga de dois andares construídos há cerca de dez anos. O projeto original do prédio, erguido há 36 anos, previa apenas dois pavimentos.
Após o desabamento, a Defesa Civil vistoriou os prédios vizinhos a fim de verificar se as estruturas tinham sido afetadas.
Nada de anormal foi encontrado pelos técnicos.
O coordenador da Defesa Civil da Prefeitura do Rio, coronel Nilton Barros, disse que a primeira vistoria, realizada no domingo, mostrou que o edifício estava em situação precaríssima.
"Concluímos pela necessidade de retirar os moradores porque o prédio estava muito ruim, com vazamentos e rachaduras. A medida foi correta. Se não tivéssemos agido assim, certamente teria morrido gente", afirmou Barros.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.