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TRANSPORTE
Nova paralisação faz 70% da frota deixar de circular e é julgada não-abusiva pelo tribunal do trabalho
Motorista de SP pára por falta de salário
MARCELO OLIVEIRA
KÊNYA ZANATTA
da Reportagem Local
A falta de pagamento a motoristas e cobradores de ônibus deu início a uma nova onda de paralisações -a segunda em menos de
duas semanas- em São Paulo.
Ontem, 70% da frota não circulou na cidade. Se fosse um dia normal, perto de 3 milhões de pessoas
teriam sido prejudicadas, segundo
a SPTrans (São Paulo Transportes), empresa municipal que gerencia o sistema.
Por ser semana de Natal, com
parte dos usuários de folga, o impacto foi menor. Houve 63 km de
lentidão, segundo a Companhia
de Engenharia de Tráfego.
A categoria parou porque as empresas dizem que não recebem da
prefeitura e por isso não pagam a
segunda parcela do 13º salário e o
adiantamento de dezembro.
Só 4 das 54 empresas da cidade
estão com os pagamentos em dia.
Ontem, pararam 31 viações.
Seis terminais não funcionaram,
uma ponte e uma avenida foram
bloqueadas e 37 ônibus depredados, a maioria deles (12) da Viação
Penha-São Miguel, na zona leste.
Nas zonas sul e leste, a greve foi
mais intensa. Por volta das 9h,
motoristas atearam fogo em pneus
e paralisaram a ponte do Socorro.
Mais tarde, às 10h55, eles pararam
a avenida Guarapiranga.
Em toda a cidade, até as 17h, 37
ônibus tinham sido depredados. A
greve de ontem foi pelo menos três
vezes maior que a última, no último dia 8, quando funcionários de
dez empresas pararam.
Greve continua
Ontem à tarde, após reunião mediada pela SPTrans, entre representantes do Transurb (sindicato
patronal) e motoristas, não houve
acordo. Até as 19h30, a intenção
do sindicato era manter a paralisação hoje.
A SPTrans disse que a prefeitura
não tem condições de pagar a dívida, que sustenta girar em torno de
R$ 70 milhões. A Transurb diz que
a dívida é de R$ 120 milhões e ofereceu quitar o 13º salário e pagar o
vale no dia 5.
O presidente do Sindicato dos
Motoristas, Gregório Poço, não
aceitou a proposta.
O Tribunal Regional do Trabalho julgou ontem a greve não-abusiva e determinou que a partir da
0h de hoje todo o dinheiro arrecadado com a venda de vale-transportes e similares seja depositada
em juízo no Banco do Brasil.
Segundo o TRT, o dinheiro será
repassado para as empresas, única
e exclusivamente para o pagamento de débitos salariais.
Pela decisão, 70% do dinheiro
arrecadado na catraca também deverá ter o mesmo fim e 30% deverá
ficar com as empresas para as despesas diárias.
A decisão do TRT só será posta
em prática se as paralisações forem suspensas.
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