São Paulo, terça, 22 de dezembro de 1998

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TRANSPORTE
Nova paralisação faz 70% da frota deixar de circular e é julgada não-abusiva pelo tribunal do trabalho
Motorista de SP pára por falta de salário

MARCELO OLIVEIRA
KÊNYA ZANATTA
da Reportagem Local

A falta de pagamento a motoristas e cobradores de ônibus deu início a uma nova onda de paralisações -a segunda em menos de duas semanas- em São Paulo.
Ontem, 70% da frota não circulou na cidade. Se fosse um dia normal, perto de 3 milhões de pessoas teriam sido prejudicadas, segundo a SPTrans (São Paulo Transportes), empresa municipal que gerencia o sistema.
Por ser semana de Natal, com parte dos usuários de folga, o impacto foi menor. Houve 63 km de lentidão, segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego.
A categoria parou porque as empresas dizem que não recebem da prefeitura e por isso não pagam a segunda parcela do 13º salário e o adiantamento de dezembro.
Só 4 das 54 empresas da cidade estão com os pagamentos em dia. Ontem, pararam 31 viações.
Seis terminais não funcionaram, uma ponte e uma avenida foram bloqueadas e 37 ônibus depredados, a maioria deles (12) da Viação Penha-São Miguel, na zona leste.
Nas zonas sul e leste, a greve foi mais intensa. Por volta das 9h, motoristas atearam fogo em pneus e paralisaram a ponte do Socorro. Mais tarde, às 10h55, eles pararam a avenida Guarapiranga.
Em toda a cidade, até as 17h, 37 ônibus tinham sido depredados. A greve de ontem foi pelo menos três vezes maior que a última, no último dia 8, quando funcionários de dez empresas pararam.

Greve continua

Ontem à tarde, após reunião mediada pela SPTrans, entre representantes do Transurb (sindicato patronal) e motoristas, não houve acordo. Até as 19h30, a intenção do sindicato era manter a paralisação hoje.
A SPTrans disse que a prefeitura não tem condições de pagar a dívida, que sustenta girar em torno de R$ 70 milhões. A Transurb diz que a dívida é de R$ 120 milhões e ofereceu quitar o 13º salário e pagar o vale no dia 5.
O presidente do Sindicato dos Motoristas, Gregório Poço, não aceitou a proposta.
O Tribunal Regional do Trabalho julgou ontem a greve não-abusiva e determinou que a partir da 0h de hoje todo o dinheiro arrecadado com a venda de vale-transportes e similares seja depositada em juízo no Banco do Brasil.
Segundo o TRT, o dinheiro será repassado para as empresas, única e exclusivamente para o pagamento de débitos salariais.
Pela decisão, 70% do dinheiro arrecadado na catraca também deverá ter o mesmo fim e 30% deverá ficar com as empresas para as despesas diárias.
A decisão do TRT só será posta em prática se as paralisações forem suspensas.



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