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COMPORTAMENTO
Levantamento feito por agências de encontros mostra que fumantes são preteridas
Homens rejeitam as mulheres que fumam
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
As mulheres fumantes têm um
motivo a mais para deixar o cigarro, além de já possuírem riscos
aumentados de câncer, infarto,
depressão e infertilidade: estão
sendo rejeitadas pelos homens,
inclusive pelos que fumam.
É o que tem sido verificado em
agências de encontro, onde, por
meio de um cadastro, homens e
mulheres podem escolher o seu
perfil de namorada(o) ideal. As
agências exigem que os clientes
coloquem no cadastro se fumam.
Levantamento realizado pela
agência A2 Encontros, de Campinas (SP), com cerca de 3.500 clientes, mostra que 63% dos homens,
inclusive fumantes, não aceitam
mulheres que fumam. No site de
encontros ParPerfeito, que tem
2,1 milhões de clientes cadastrados, a taxa de rejeição dos homens às mulheres que fumam é
em torno de 30%. "As mulheres
aceitam mais o cigarro do parceiro, mesmo quando não fumam. O
homem é mais exigente", diz Guilherme Oliveira, 33, sócio do site.
No ano passado, por exemplo, a
agência A2 Encontros promoveu
a união -ainda que temporária- de 110 casais. Nenhuma das
mulheres era fumante. "Os homens são muito mais seletivos",
afirma Cláudia Toledo, uma das
donas da agência. Os motivos alegados para recusa são vários: desde o gosto do beijo até o risco da
mulher fumante se tornar infértil.
"Os homens comentam que
beijar mulher fumante é a mesma
coisa de beijar cinzeiro", diz a microempresária Ana Duarte, 25,
fumante há dez anos.
É exatamente essa a alegação do
advogado Júlio Santana, 24, para
justificar o fato de não namorar
fumante. "Mesmo chupando bala
e chicletes, o gosto de nicotina
não sai da boca. É um horror."
A empresária Lilian Simões, 38,
ex-fumante, conhece bem os dois
lados dessa moeda. Ela deixou o
cigarro há nove meses -costumava fumar desde os 14 anos- e
percebe que agora está sendo
mais cortejada pelos homens.
Durante um ano, período que
esteve "fichada" como fumante,
só um homem quis conhecê-la.
Nos últimos quatro meses, como
não-fumante, teve quatro pretendentes. "Tem até ex-namorado
querendo experimentar o meu
beijo sem nicotina", conta, rindo.
Segundo Guilherme Oliveira, as
mulheres fumantes acima de 50
anos são as principais vítimas do
preconceito do homem. "Elas são
duplamente vítimas. São preteridas pela idade e pelo cigarro", diz.
A empresária Célia Maria, 50,
(ela não revela o sobrenome), que
fuma desde os 12 anos, está há nove meses cadastrada em uma
agência. "Bonita, com formação
superior e bem de vida", como ela
mesma se define, Célia ainda não
conseguiu nenhum pretendente.
"Não acredito que o motivo seja o
cigarro. Sou muito independente.
Isso assusta os homens", afirma.
Ela diz estar sendo "paquerada"
por um psicólogo, mas que o
achou "muito velho". Detalhe: ele
tem 52 anos, dois a mais que ela.
A auxiliar de enfermagem Célia
Maria Aparecida de Mendonça,
56, concorda com a xará: "Os homens acima de 55 anos não se importavam com o cigarro. O problema é medo de se entregar."
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