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ENSINO SUPERIOR
Docentes e alunos criticam falta de discussão e temem falta de democracia na instituição, uma das melhores do país
Demissão de professores abre crise na FGV
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
Quarenta professores do curso
de administração da FGV-SP, um
dos melhores do país, entregaram
anteontem um documento à direção da escola em que pedem explicações sobre a demissão de 16
docentes da escola, ocorrida neste
mês. No texto, eles se dizem
"preocupados com as conseqüências acadêmicas desse fato".
Fazem parte da lista (enviada ao
diretor Fernando Meirelles) o diretor acadêmico, três coordenadores, cinco dos sete chefes de departamento e um ex-diretor. Os
40 docentes são integrantes da
Congregação, principal instância
da escola, que é formada por pouco mais de cem pessoas, representando todos os seus segmentos. O
corte também gerou protestos de
alunos e de funcionários.
Como os nomes não foram discutidos dentro da faculdade (como tradicionalmente ocorre), esses grupos entendem que a direção pretende acabar com a democracia da instituição, que é uma de
suas marcas. A conseqüência disso, diz esse grupo, é que docentes
e pesquisadores passariam a ter
receio de abordar assuntos que
possam desagradar aos dirigentes, com medo de retaliações e até
demissão -o que influi na qualidade de ensino de uma faculdade.
Anteontem, alunos distribuíram um manifesto, chamado de
"Democracia em risco". O texto,
assinado por associações representativas de estudantes e de funcionários, afirma: "[...] preocupa-nos a possibilidade de motivações
subjetivas ou políticas nestas demissões". Além disso, 160 camisetas foram distribuídas a alunos
com frases de protesto.
Congregação
A principal queixa na faculdade
é que os cortes não foram discutidos pela Congregação. "A escola
vive um clima democrático, que
cultiva o contraditório, base para
a excelência acadêmica. E isso está
ameaçado", diz o professor Michael Paul Zeitlin, ex-diretor da
faculdade e secretário de Transportes de São Paulo entre 1997 e
2002, durante a gestão Mário Covas. Zeitlin é um dos signatários
da lista. "Fazem parte da GV nomes tão distintos quanto Eduardo
Suplicy [senador pelo PT] e Marcos Cintra [ex-deputado federal
pelo PFL]."
A direção da escola afirma que o
corte ocorreu simplesmente devido a um ajuste financeiro (leia
mais em texto nesta página).
"Até entendemos fazer um ajuste, mas tudo precisa ser discutido
dentro da faculdade", diz Celso
Napolitano, também professor da
escola e diretor do Sinpro-SP (sindicato dos professores). "Do jeito
que foi feito, houve cerceamento
da liberdade de expressão, o que
prejudica a qualidade acadêmica.
A GV pode começar a ter uma visão simplesmente mercantilista."
Os alunos endossam as críticas.
"Demissões assim [sem discussão] podem tirar da faculdade
pessoas importantes", diz o presidente do diretório acadêmico da
faculdade, Fernando Oshima.
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