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foco
Em vez de trote, calouro da USP é recebido com aula de forró, coquetel e churrasco
RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL
Não houve banho de lama,
corpo lambuzado com ovo e
farinha, cabeça rapada a contragosto, pé descalço no chão
quente nem roupa reduzida a
trapos. Muito pelo contrário.
Os calouros do curso de
medicina da USP foram recebidos ontem com mordomias. À tarde, participaram
de um churrasco com os veteranos. À noite, de uma recepção com seus pais -com coquetel e coral- oferecida pela
Faculdade de Medicina.
Na tradicional escola médica de Pinheiros (zona oeste),
as boas-vindas só acabarão no
sábado. Até lá, os 175 calouros
não pisarão na sala de aula.
Terão aula de forró, jogo de
futebol com os veteranos, almoço com os professores,
tour de ônibus pela Cidade
Universitária, no Butantã
(zona oeste), sessão de cinema e, no último dia, feijoada.
"É um alívio", dizia Adriana
Kumagai, 17. "Vim morrendo
de medo do trote, achando
que iam nos trancar numa sala cheia de cadáveres."
Apesar de ávidos para "atacar", os cerca de 30 veteranos
presentes não ousaram tocar
nos calouros. Dois vigilantes
da USP acompanharam todos
os passos, preparados para
coibir tentativas de trote.
Desde 1999, a USP não admite trotes "lesivos à dignidade". A norma foi imposta depois que um calouro da medicina foi encontrado morto
dentro de uma piscina durante o trote daquele ano.
É por isso que a Faculdade
de Medicina assume a responsabilidade de organizar a
festa de boas-vindas. A direção estima neste ano os gastos em R$ 30 mil -parte do
dinheiro vem do Hospital das
Clínicas e de doações de
ex-alunos.
O mais perto de um trote
que os calouros chegaram ontem foi quando, levados pelos
veteranos, pararam os carros
da av. Dr. Arnaldo por cinco
minutos sob o sol do meio-dia. Ninguém reclamou: um
professor carregava um saco
cheio de garrafinhas d'água
aplacando a sede dos novatos.
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