São Paulo, terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

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Em vez de trote, calouro da USP é recebido com aula de forró, coquetel e churrasco

RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL

Não houve banho de lama, corpo lambuzado com ovo e farinha, cabeça rapada a contragosto, pé descalço no chão quente nem roupa reduzida a trapos. Muito pelo contrário.
Os calouros do curso de medicina da USP foram recebidos ontem com mordomias. À tarde, participaram de um churrasco com os veteranos. À noite, de uma recepção com seus pais -com coquetel e coral- oferecida pela Faculdade de Medicina.
Na tradicional escola médica de Pinheiros (zona oeste), as boas-vindas só acabarão no sábado. Até lá, os 175 calouros não pisarão na sala de aula.
Terão aula de forró, jogo de futebol com os veteranos, almoço com os professores, tour de ônibus pela Cidade Universitária, no Butantã (zona oeste), sessão de cinema e, no último dia, feijoada.
"É um alívio", dizia Adriana Kumagai, 17. "Vim morrendo de medo do trote, achando que iam nos trancar numa sala cheia de cadáveres."
Apesar de ávidos para "atacar", os cerca de 30 veteranos presentes não ousaram tocar nos calouros. Dois vigilantes da USP acompanharam todos os passos, preparados para coibir tentativas de trote.
Desde 1999, a USP não admite trotes "lesivos à dignidade". A norma foi imposta depois que um calouro da medicina foi encontrado morto dentro de uma piscina durante o trote daquele ano.
É por isso que a Faculdade de Medicina assume a responsabilidade de organizar a festa de boas-vindas. A direção estima neste ano os gastos em R$ 30 mil -parte do dinheiro vem do Hospital das Clínicas e de doações de ex-alunos.
O mais perto de um trote que os calouros chegaram ontem foi quando, levados pelos veteranos, pararam os carros da av. Dr. Arnaldo por cinco minutos sob o sol do meio-dia. Ninguém reclamou: um professor carregava um saco cheio de garrafinhas d'água aplacando a sede dos novatos.


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