São Paulo, segunda, 23 de fevereiro de 1998

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Estrondo "avisou" moradores do perigo

da Sucursal do Rio

Um forte estrondo, por volta de 0h30, foi a "senha" do início do pesadelo para os moradores do condomínio Palace. O tenente-coronel bombeiro Marcos Silva, que morava no 607, foi chamado por vizinhos, telefonou para os bombeiros da Barra da Tijuca e desceu para ver o que havia. Constatado o problema no pilar da segunda garagem no subterrâneo, começou a correria.
"Houve um serviço comunitário", contou Paulo Viana, que morava no 1.202 do bloco 2. "Todo mundo saiu batendo na porta de todo mundo, dizendo para sair."
Só com as roupas que vestiam, os moradores começaram a descer, em meio a muito nervosismo, com a ajuda dos bombeiros, que já tinham chegado. Mas houve quem se arriscasse para salvar alguns bens materiais, como Davi Chagas, que correu para tirar da garagem o seu Escort.
'Òuvi um estrondo e as camas tremeram", contou ele. "Fui à janela e não vi nada, mas daí a pouco o interfone tocou, com o porteiro avisando que era para sair."
Apesar das afirmações de moradores de que a Defesa Civil Municipal, inicialmente, afirmava que o desabamento não aconteceria ontem, mas futuramente, o chefe da instituição, coronel Nilton Barros, disse que a ação do órgão e dos bombeiros foi fundamental para evitar uma tragédia maior.
'Ò engenheiro Alexander Georgeado, da Defesa Civil, chegou a ficar em cima de uma perna só e dizer: Òlha, se ficarmos em cima de apenas um pé, ficamos instáveis, podemos cair a qualquer momento'."
Mas, apesar da ordem das autoridades para evacuar o prédio, algumas pessoas insistiram em tentar tirar objetos do condomínio. Após o desabamento, mais de 20 pessoas foram retiradas pelos bombeiros. Muitas estavam no bloco 2, que desabara.
Um dos moradores do bloco 1 que não saíram contou que acordou somente com o ruído do desabamento dos apartamentos do prédio vizinho. Ele não quis se identificar, mas contou que dormia sozinho e foi acordado pelo estrondo.
"Pensei que era o vento e fui até a janela", afirmou. "Foi quando vi a nuvem de poeira subindo."
Segundo Chagas, transcorreu muito pouco tempo entre o momento em que voltou ao prédio (depois de tirar o carro e estacioná-lo bem longe do edifício) e o instante do desabamento.
"Todo mundo correu, parecia um estádio de futebol desabando", afirmou.
O tenente-coronel Silva lembrou que o desabamento aconteceu em duas partes. Houve dois grandes barulhos consecutivos, e os apartamentos das duas colunas desabaram, levantando uma nuvem de poeira que se espalhou pelas redondezas, cobrindo até carros que estavam estacionados no pátio, no andar térreo. (WT)


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