São Paulo, segunda, 23 de fevereiro de 1998 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice Perito condenou edifício em laudo concluído em julho do ano passado
da Sucursal do Rio Morador do apartamento 208, o engenheiro civil e ex-síndico Gregório Duarte Santos apresentou um laudo de vistoria, concluído em 8 de julho do ano passado, que já condenava a estrutura dos dois edifícios. Assinado pelo perito Nélson de Moraes Guimarães, o documento tem 150 fotografias, que mostram estruturas trincadas, juntas de dilatação oxidadas, estufamentos nos pilares -que indicam corrosão interna do aço-, pilares com espaçamentos irregulares entre as vigas, má conservação de fachadas e infiltrações em diversos apartamentos. Segundo o ex-presidente do Crea (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura) Alexandre Duarte, que esteve ontem no local do desabamento, o reforço dos pilares deveria ter sido feito imediatamente após o laudo. Maquiagem Moradores informaram que, há dois meses, foi realizada uma cobertura superficial dos pilares que estavam em pior estado. "Reforço de estrutura é uma coisa, maquiagem é outra", disse Duarte. Para o ex-presidente do Crea, o principal problema levantado pelo estudo é o seccionamento dos pilares da garagem. As fotografias já mostram o processo de corrosão das vigas de sustentação do edifício. Duarte é especialista em recuperação de estruturas e professor da cadeira de Patologia das Construções na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). O ex-síndico afirmou ter entrado com um processo judicial contra a construtora, em conjunto com outros moradores, para que fosse feita a recuperação dos prédios. O presidente do Crea no Estado do Rio, José Chacon de Assis, 49, disse que, após analisar o processo referente ao desabamento do prédio, o Conselho de Ética da entidade poderá, se alguma irregularidade for provada, cassar o registro profissional do engenheiro responsável, Sérgio Murilo Domingues, e a licença da construtora Sersan. De acordo com Chacon de Assis, o Conselho de Ética do Crea -formado por 83 profissionais de diferentes especialidades- dará ao engenheiro e aos donos da empresa "total oportunidade de defesa". Concretagem O presidente do Crea revelou que, há pouco mais de um ano, fiscais da entidade haviam vistoriado o prédio. "Na ocasião, estava tudo direitinho. Não acredito em falha de projeto. Creio que houve o esmagamento dos pilares. Parece que o concreto não aguentou. Pode ter havido um erro na concretagem", afirmou Chacon de Assis à Folha. Por causa do Carnaval, o presidente do Crea disse não ter tido condições de acessar os arquivos informatizados da entidade. Chacon de Assis disse que os arquivos poderão indicar se o engenheiro e a construtora já sofreram investigações anteriores. "Não me lembro da existência de processos contra eles, mas só vou poder checar na quarta-feira", disse ele. Investigação Participar da comissão que investigará as causas do acidente é a principal reivindicação que o Crea apresentará ainda esta semana aos governos estadual e municipal. Os laudos técnicos preparados a partir das análises dos escombros servirão de base para as conclusões dos membros do Conselho de Ética do Crea. Chacon de Assis disse que o Conselho de Ética poderá se manifestar sobre o caso em um mês. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice |
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