São Paulo, segunda, 23 de fevereiro de 1998

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Morador bombeiro percebeu perigo e alertou vizinhos de porta em porta

AURÉLIO GIMENEZ
free-lance para a Folha

Acostumado a operações de busca e salvamento, o tenente-coronel Marcos Aurélio Carlos da Silva, 46, do Corpo de Bombeiros do Estado do Rio, foi fundamental para evitar que a tragédia se tornasse maior.
Morador do apartamento 607, Silva estava em casa quando ocorreu o primeiro abalo.
Após checar a gravidade da situação, Silva coordenou a retirada de todos os moradores das colunas 1 e 2 do bloco 2.
Comandante do Grupamento Florestal do Alto da Boa Vista, na floresta da Tijuca (zona norte do Rio), Silva foi a primeira pessoa a constatar o perigo, assim que chegou ao segundo subsolo.
"Logo que senti um tremor, desci para o térreo. Com outros moradores, fui até a segunda garagem e vi a coluna toda fragmentada. Imediatamente, acionei bombeiros, Defesa Civil e determinei a saída dos moradores", disse.
"A atuação dele foi irrepreensível", afirmou o coordenador-geral da Defesa Civil do município do Rio, coronel Nilton Barros, que esteve no local.
Os moradores também elogiaram a atuação de Silva. "Ele foi o nosso salvador. Na mesma hora detectou o perigo, chamou os companheiros e avisou a todos os moradores", disse o empresário Flávio Moura Santos.
De acordo com Santos, horas antes do desabamento, Silva tomou a iniciativa de avisar um por um os moradores dos 44 apartamentos afetados.
"Ele ficou acordado a noite inteira e continua colaborando com seus colegas", disse Santos, às 16h de ontem.
"Ele foi um dos milagres", disse o coronel Luís Maurício, do Corpo de Bombeiros. O outro milagre, segundo Maurício, foi "o prédio ter avisado que ia cair", permitindo a saída dos moradores.
Na condição de comandante do Grupamento Florestal, o coronel Silva participou, na semana passada, do resgate de três jovens russos perdidos na floresta da Tijuca.
Anastassia Fessenko, 21, filha do cônsul-geral da Rússia no Rio, Masha Podrajanets, 22, filha do embaixador da Rússia no Brasil, e o vice-cônsul no Rio, Andrey Martinenko, 28, foram resgatados depois de quase 24 horas perdidos.
Antes de trabalhar no Grupamento Florestal, o coronel comandava o Grupo de Salvamento Marítimo do Recreio dos Bandeirantes (praia na zona oeste).
Casado, dois filhos, Silva está há 24 anos no Corpo de Bombeiros.



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