São Paulo, segunda-feira, 23 de abril de 2001

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PREFEITURA DE SÃO PAULO

Fim do SOS foi um erro, diz secretário

DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário da Assistência Social do município, Evilásio Farias, diz que o Estado errou ao extinguir o SOS Criança sem criar alternativas de atendimento às crianças carentes. "O SOS poderia não ser adequado, mas era a porta de entrada das crianças para todas as entidades assistenciais."

Folha - O fechamento do SOS Criança é resultado de um acordo entre Estado e prefeitura?
Evilásio Farias -
Não, essa entidade é do Estado e compete a ele abri-la ou fechá-la. (...) Dias antes, sem saber do fim do SOS, enviei um ofício ao secretário solicitando que não fechasse nenhum serviço prestado pelo Estado até que tudo fosse municipalizado de forma calculada, programada e gradual. Nós temos consciência de que o município tem que gerir as políticas sociais, mas queremos receber, além dos encargos, os repasses financeiros. (...)

Folha - Não deveria ter sido criado um serviço substituto com atendimento 24 horas?
Farias -
Você pode fechar um negócio ruim para abrir um melhor, mas não fechar o que é ruim e criar uma situação pior. O SOS poderia não ser adequado, mas era a porta de entrada das crianças para todas as entidades assistenciais. (...) Não poderia ter sido fechado sem buscar alternativas.

Folha - Para onde as varas da infância, os conselhos tutelares e a polícia devem levar as crianças encontradas na rua em situação de risco?
Farias -
Nós colocamos à disposição uma relação de entidades conveniadas com a prefeitura. Mas com certeza é um número pequeno e, além do mais, é provável que estejam todas sem vaga.

Folha - As crianças de São Paulo merecem esse tratamento?
Farias -
As crianças de São Paulo, do Brasil e do mundo merecem decência, dignidade e atenção. É melhor investir na criança e no adolescente do que construir cadeia, que é a postura política de algum governo que está por aí. O governo do Estado tem R$ 7 bilhões para investir, mas será que investimento é só túnel, alargamento de estrada e cadeia? O adolescente que tem 16 anos hoje só tinha dez quando esse governo chegou ao poder. Se ele está com 16 e foi para a Febem, é porque durante seis anos não foi assistido. (GA)


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