São Paulo, segunda-feira, 23 de abril de 2001

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SISTEMA PRISIONAL

Três detentos ficam feridos em rebelião de 12 horas em Itirapina

DA REDAÇÃO

Cerca de cem homens da Tropa de Choque da Polícia Militar invadiram a Penitenciária 2 de Itirapina, a 213 km da capital, na manhã de ontem, e puseram fim a uma rebelião que durava 12 horas. Na ação, três presos ficaram feridos, dois deles por tiros da PM.
Rebelados, cerca de 500 dos 878 presos do local destruíram dois pavilhões do presídio entre a tarde de anteontem e a manhã de ontem. Eles fizeram três funcionários da limpeza reféns.
Após a rebelião, o diretor do presídio, José Antônio Aparecido Dias, suspendeu as visitas por um período mínimo de 15 dias.
Para conter o motim, a Polícia Militar acionou pelo menos 200 soldados de quatro cidades -Rio Claro, Piracicaba, Limeira e Campinas-, que ficaram toda a noite de anteontem e a madrugada de ontem em frente à penitenciária.
Segundo a polícia, todos os feridos passam bem e nenhum refém se machucou. "A invasão era necessária, e os tiros foram dados para defesa dos policiais. Todos os atingidos foram levados para o hospital da cidade e ninguém ficou ferido gravemente", disse o tenente Aparecido Chagas.
O diretor da penitenciária descartou ontem que a fuga ou a rebelião tenham sido planejadas por membros do PCC (Primeiro Comando da Capital).

Cadeião de Pinheiros
Cerca de 200 presas queimaram colchões e mantiveram quatro carcereiros como reféns, por mais de uma hora, na Cadeia Pública de Pinheiros, zona oeste.
As detentas da ala feminina aproveitaram o banho de sol de ontem, às 9h, para fazerem uma manifestação. No pátio da cadeia, atearam fogo em colchões e renderam os carcereiros que cuidam da Ala D da Cadeia 1. Alguns funcionários tiveram machucados leves por causa de socos e agarrões.
Às 9h30, o GOE (Grupo de Operações Especiais) da Polícia Civil, foi até o local, com cerca de 20 homens, e iniciou uma negociação. Antes das 11h, o motim foi controlado, sem intervenção da PM.
Segundo um dos reféns, o carcereiro Edmilson Laurentino de Melo, exigências das presas como transferência e mais dias de visitas deverão ser atendidas. "A diretoria sempre acaba cedendo, e no final vai transferir aquelas com maior tempo de pena."
O delegado Wanderley Antônio da Silva as indiciou em flagrante por motim. Ele espera, assim, prolongar suas penas na prisão. "Cada vez que elas fizerem isso vou fazer um flagrante, para elas aprenderem que prisão é lugar para cumprir pena", afirmou Silva.
O delegado também afirmou que, apesar de ter se banalizado a ligação do PCC (Primeiro Comando da Capital) com atos como esse, as presas não se elegeram membros de nenhuma facção criminosa.
O resgate de sábado chegou a ser atribuído ao PCC: os presos que não conseguiram escapar e iniciaram uma rebelião na cadeia escreveram no chão do pátio a sigla. Mas ainda não foi confirmada essa suspeita.(Igor Ribeiro)


Motim em Goiás
Presos da Casa de Prisão Provisória de Aparecida de Goiânia (GO) estavam mantendo parentes e dois agentes carcerários como reféns até as 22h de ontem. Não havia informação sobre mortos ou feridos.
Segundo o secretário da Segurança de Goiás, Demóstenes Xavier Torres, o motim começou com uma tentativa de fuga, às 14h.
Os agentes carcerários teriam sido os primeiros a ser tomados como reféns. O secretário disse que o número de parentes de detentos que estão no local pode chegar a 200.
Até as 22h, as negociações para o fim da rebelião não haviam começado. "Eles não devem ter uma pauta de reivindicação, já que queriam fugir", disse o secretário. Segundo ele, o bloco do presídio onde acontecia o motim abriga 280 presos.
O governador do Estado, Marconi Perillo (PSDB), por meio de sua assessoria, lamentou a situação e disse que o problema nos presídios brasileiros somente será resolvido com políticas de distribuição de renda.


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