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TRANSPORTE
Ex-diretor do sindicato dos motoristas diz ter recebido R$ 3.000 de viação; categoria planeja protestos contra demissões
Sindicalista confirma "ajuda" de patrão
DA REPORTAGEM LOCAL
Um ex-diretor do sindicato dos
motoristas de ônibus de São Paulo admitiu ontem, em depoimento no Ministério Público Estadual,
ter recebido R$ 3.000 como "ajuda de custo", em agosto de 2002,
da viação Cidade Tiradentes, mas
não soube explicar por qual motivo e com quais interesses a empresa teria dado essa quantia a ele
e a mais dois sindicalistas. Os três
são funcionários da empresa.
José Octaviano de Albuquerque
foi ouvido por promotores que
investigam a ligação de patrões e
empregados do setor de transporte urbano e a existência de locautes -greves de trabalhadores incentivadas por empresários.
No depoimento, Albuquerque
disse não saber de um possível esquema entre a direção do sindicato dos motoristas e os empresários de ônibus, conforme denúncias recebidas pela Promotoria.
Relatou, entretanto, fatos que
considerou "estranhos". Albuquerque foi expulso da diretoria
depois de ter feito uma greve na
Cidade Tiradentes sem a autorização do presidente do sindicato,
Edivaldo Santiago da Silva.
Ele afirmou que Silva "conversava muito por telefone" com os
diretores da viação e que, "estranhamente", pediu que ele não fizesse uma paralisação da categoria na garagem, apesar do atraso
na entrega dos vales-refeição.
Sobre a ajuda de custo de R$
3.000, disse que ela fora estipulada
pela empresa em julho do ano
passado. Ele chegou a recebê-la
em 8 de agosto, quando a Cidade
Tiradentes estava, havia dois dias,
sob intervenção da SPTrans (empresa municipal que cuida do setor). Em seguida, ela foi suspensa.
Segundo Albuquerque, José
Domingos da Silva e Antonio Ferreira Mendes, também diretores
do sindicato, disseram a ele ter recebido os mesmos R$ 3.000. Eles
não foram localizados pelo Ministério Público. No mesmo mês, os
demais empregados da viação receberam valores superiores aos
salários -mas não iguais aos da
"ajuda de custo".
Albuquerque disse ter um imóvel em Minas, uma casa herdada
da mãe e um veículo Chevrolet S-10. Seus rendimentos mensais
atingiam R$ 3.000 (entre salário
no sindicato, na viação e aposentadoria, sem contar a "ajuda de
custo"), mas ele afirmou nunca
ter declarado imposto de renda.
O presidente do sindicato, que
também depôs ontem, negou ligação da entidade com os patrões
e disse manter contato com eles
apenas para as reivindicações.
Protesto
O sindicato dos motoristas fará
uma assembléia hoje para definir
uma série de protestos a partir de
amanhã, por causa das divergências sobre a situação de 10.800 trabalhadores de nove viações que
foram descredenciadas pela prefeitura. Segundo Silva, a categoria
pode fazer caminhadas e até liberar a passagem nas catracas.
O prazo dado pelo TRT (Tribunal Regional do Trabalho) para
que houvesse um acordo entre
empresas, empregados e prefeitura acaba hoje. O secretário Jilmar
Tatto (Transportes) disse ontem
que as viações aceitaram admitir
3.800 deles e colocar mais 867 ônibus nas ruas. Cadastramento feito
pela SPTrans para reunir os interessados em trabalhar nas demais
viações do sistema teve a adesão
de 7.200 dos 10.800 condutores.
O TRT responsabilizou a prefeitura pela dívida trabalhista deles,
avaliada em R$ 70 milhões. O governo, porém, recorreu da decisão e negocia para que os condutores sejam readmitidos antes de
uma decisão final sobre quem vai
pagar esse montante.
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