DA REPORTAGEM LOCAL

"É um pecado fechar a USP para ciclistas por causa de alguns baderneiros." Assim o químico Angelino Saullo, 43, define a decisão da USP de proibir a entrada de ciclistas não-vinculados à universidade. Ele andava de bicicleta pelo parque Ibirapuera ontem.
Assim como o químico, vários ciclistas ouvidos pela Folha criticaram a medida. "A USP tem uma grande extensão e é bastante plana. Além disso, tem muitas áreas verdes. Tomara que voltem atrás nessa decisão", afirmou a técnica em informática Cristina Hengstmann, 36.
Ela soube da proibição e resolveu experimentar outro local para praticar o esporte. Decidiu pedalar no parque Villa-lobos.
Assim que chegou ao local, no entanto, teve de enfrentar um problema: no estacionamento em que deixaram o carro, dentro do parque, havia escadas em vez de uma rampa de acesso.
O comerciante Paulo Rogério Camargo Oliva, 39, que faz mountain bike em estradas e treina semanalmente com um grupo na USP, considera a decisão da universidade "lamentável". "No Ibirapuera tem muita criança, cachorro. Fica complicado para a gente andar. A USP é bem melhor para quem pratica."
Brincando, o advogado Jorge Tomita, 38, falou que prestaria o vestibular da Fuvest neste ano para poder entrar na USP. Ele costuma pedalar no parque Ibirapuera e no Villa-Lobos.
Seu colega, o psicólogo Marcelo Tucci de Freitas, 34, afirmou que é difícil percorrer as ruas de São Paulo usando bicicleta. "É preciso escolher paralelas das vias principais, que são aquelas que possuem menor movimento."
Ele chegou da Espanha em julho e notou que na cidade praiana de San Sebastian, por exemplo, todo mundo se locomove com bicicleta. "Até o dono de uma construtora vai para o trabalho assim."
Na opinião do designer gráfico Alexandre Abreu, 25, as pessoas têm receio de andar de bicicleta na rua por causa do excesso de veículos em circulação e são necessários locais com pouco tráfego para receber os ciclistas. "É um absurdo querer fechar [o campus da USP para ciclistas]." (AFRA BALAZINA)

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