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TERCEIRO SETOR
Censo mostra que 45% das ações atingem Estados do Sul e do Sudeste
Projetos sociais visam regiões ricas
GABRIELA ATHIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Os investimentos sociais financiados pela iniciativa privada seguem a lógica das desigualdades
do país: a maioria dos projetos,
cerca de 45%, concentra-se nas
regiões Sul e Sudeste, as mais ricas
do Brasil. As regiões Norte e Centro-Oeste são as menos favorecidas e concentram, cada uma,
8,3% dos investimentos.
Dos R$ 593 milhões que as 59
grandes fundações e institutos
empresariais associadas ao Gife
(Grupo de Institutos, Fundações e
Empresas) investiram em 2000 na
área social, R$ 232 milhões são
oriundos de organizações sediadas no Estado de São Paulo.
"A universalização dos recursos
é um compromisso estatal", disse
Léo Voigt, vice-presidente do Gife, durante a divulgação do censo
dos investimentos dos associados, ontem, em São Paulo.
Rebecca Raposo, diretora-executiva do Gife, diz que os investimentos empresariais na área social ainda não acompanham "o
tamanho do capitalismo brasileiro". No entanto, o volume de recursos destinados para o setor
cresceu 15% entre 1997 e 2000.
A pesquisa mostra que 73,7%
das empresas atuam na região em
que estão localizadas. Como a
maioria das empresas está no Sul
e no Sudeste, essas regiões acabam sendo privilegiadas.
Rebecca diz que os projetos sociais precisam ter a "cara" da comunidade atendida e fazer parte
da cultura institucional das organizações. Isso, diz ela, dificilmente
seria obtido por empresas do Sul
ou do Sudeste que investissem em
projetos no Norte, por exemplo.
Mais da metade das corporações têm programas para atrair
voluntários. Com isso, 53,8% das
pessoas que se oferecem para trabalhar nos projetos são funcionários da empresa mantenedora.
Além disso, diz Voigt, os investimentos sociais são considerados
"estratégicos" (agregam valor à
imagem da corporação ): 75,9%
das fundações estão ligadas à presidência da mantenedora, que
costuma ficar na sede da empresa.
Voigt e Rebecca citam parcerias
entre empresas como forma de
reduzir a concentração de investimentos nas regiões mais ricas.
Preferências
Segundo o censo do Gife, os jovens são o principal foco dos investidores, concentrando 70,8%
dos projetos. Em contrapartida,
apenas 6,3% dos projetos são voltados para os negros e 6,2% têm
os índios como público-alvo.
A pesquisa também revela que a
maior parte dos projetos é destinada à área de educação (85,4%).
A habitação está em último lugar,
com 8,3% das ações.
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