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São Paulo, sexta-feira, 23 de maio de 2003

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Testemunhas de suposto esquema de propina foram ameaçadas, diz PF

PALOMA COTES
DA REPORTAGEM LOCAL

Quatro testemunhas da Polícia Federal sofreram ameaças de morte anteontem. São ex-sindicalistas que estão colaborando na investigação sobre suposto esquema de propina envolvendo patrões e a diretoria do sindicato dos motoristas e cobradores de São Paulo para a realização de greves.
A informação foi dada pelo delegado da PF Nivaldo Bernardi, que preside o inquérito. Segundo ele, dois ex-sindicalistas teriam sido ameaçados por telefone e outros dois, pessoalmente, durante uma assembléia no prédio do sindicato. "Sentença de traidor é a morte. Essa é a frase que eles estariam usando para intimidar", disse o delegado.
Júlio César Neves, advogado do sindicato, disse não saber nada sobre as ameaças e voltou a reclamar do fato de os advogados não terem acesso ao inquérito. Os presos foram indiciados por formação de quadrilha, desobediência a ordem judicial, paralisação de trabalho seguida de violência, paralisação de trabalho de interesse coletivo, frustração de direitos trabalhistas e dano ao patrimônio.
A Folha procurou o sindicato ontem, mas ninguém foi encontrado. Os ex-sindicalistas estariam depondo durante a madrugada na Superintendência da PF e têm os nomes mantidos em sigilo.

Engano
Ontem, a PM prendeu, por engano, Clemente Aparecido Camargo, membro da diretoria de base do sindicato. Ele disse que também vem sofrendo ameaças.
Ontem, a PF começou devassa em oito empresas que estariam em nome de "laranjas". A PF também pedirá a prorrogação da prisão temporária dos 15 sindicalistas presos -o prazo vence hoje. O mesmo será feito pelo Ministério Público Federal, que protocolou ontem pedido de quebra do sigilo bancário de 14 sindicalistas.
Ontem, José Domingos da Silva, o Dominguinhos, se entregou e negou ligação com esquemas de propina. Ele já havia sido acusado de ter recebido, em agosto de 2002, R$ 3.000 da viação Cidade Tiradentes. Só José Valdevan de Jesus, o Noventa, secretário-geral do sindicato, continua foragido.

Segurança
Segundo outra denúncia, feita ontem à reportagem por uma testemunha ameaçada, donos de viações teriam pago para os funcionários responsáveis pela segurança dos colegas -os "cipeiros", que integram a Cipa (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes)- faltarem ao trabalho, permitindo que ônibus sem condições circulem, garantindo o cumprimento das metas de frota da prefeitura.


Colaborou o "Agora"


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