São Paulo, domingo, 23 de maio de 2004

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Tempo de negócios

DA REDAÇÃO

"Chinamania. Esse é um nome apropriado para o que está acontecendo." David Jye Yuan Shyu se refere a uma situação diferente da que viveu em três décadas anteriores como professor de mandarim do Centro Social Chinês.
Até recentemente, o trabalho dos professores de chinês não despertava tanto interesse, podendo mesmo ser visto como algo dirigido a um grupo muito restrito, em geral de origem chinesa.
Professor da Universidade de São Paulo e autor de uma tese sobre a linguagem da comunidade chinesa, David Jye Yuan Shyu estudou a integração social dos descendentes. Em processos desse tipo, a tendência geral é a não-utilização da língua original do grupo imigrante pelas novas gerações.
Com a aproximação comercial Brasil-China, um novo aspecto surgiu. A questão deixou de ser apenas de identidade cultural. O conhecimento da língua tornou-se artigo dos mais valorizados, atraente para um público mais amplo, de origem chinesa ou não.
Neste ano, 25 alunos se matricularam no curso de língua chinesa 1 na USP. A média em anos anteriores era de cinco alunos. Chen Tsung Jye, professor do Departamento de Línguas Orientais da USP, nota uma mudança de atitude. Os novos alunos são mais empenhados e encaram o aprendizado como um investimento.
Centros de ensino do idioma (cerca de 30 na cidade) registram aumento de procura. A oferta de trabalho para profissionais que dominam a dupla mandarim-português parece inesgotável.
"No final de 2003, a demanda de trabalhos de tradução triplicou", diz Rebeca Lin Jun, tradutora pública, jornalista de um dos dois jornais da comunidade e bailarina do grupo de dança Tangyun.
Ela chegou ao Brasil ainda adolescente, em 1986, vinda de uma região do sudeste da China.
Formada em letras pela PUC de Campinas, hoje suas noites e seus fins de semana são ocupados com trabalhos de tradução para empresas brasileiras e chinesas. (ECD)


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