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LEIS
Brasil propõe e ONU aprova
projeto para controlar armas
EUNICE NUNES
especial para a Folha
Pela primeira
vez, o Brasil
apresentou e
conseguiu aprovar um projeto
de resolução na
Comissão de
Prevenção do Crime e Justiça Penal das Nações Unidas, ligada à
ONU, que se reuniu de 20 a 30 de
abril em Viena (Áustria), com a
participação de 123 países.
Trata-se de uma proposta de
controle da produção, do comércio e do uso de armas de fogo.
A iniciativa do Brasil foi bem sucedida, pois, também pela primeira vez, os Estados Unidos referendaram uma proposta de controle
das armas de fogo.
Porém a delegação norte-americana só concordou em assinar o
documento depois que ficou acertada a ausência de qualquer restrição à fabricação, ao comércio, ao
porte e ao uso de armas de fogo
dentro dos territórios nacionais.
Anteriormente, outros países
haviam tentado aprovar projetos
semelhantes, mas sempre esbarraram na resistência norte-americana, o que impediu que fossem
adiante.
A resolução recomenda que os
países se esforcem para elaborar
um instrumento internacional para combater a fabricação e o tráfico ilícitos de armas de fogo, suas
partes, componentes e munição,
no contexto de uma Convenção da
ONU contra a delinquência transnacional organizada.
O documento recomenda ainda
que se criem métodos eficazes para identificar e localizar armas de
fogo, assim como um sistema de
concessão de licenças de importação, exportação e trânsito ou de
autorização para os transportes
comerciais internacionais de armas de fogo, com o objetivo de
impedir seu desvio e utilização para fins criminosos.
A reunião de Viena foi dominada pela discussão sobre o crime
organizado transnacional. O objetivo da comissão é a elaboração de
uma convenção internacional que
estabeleça regras de combate a esse tipo de criminalidade.
Segundo o criminalista Damásio
de Jesus, delegado do Brasil na
reunião da ONU em Viena e autor
do relatório apresentado ao ministro da Justiça, Renan Calheiros, o
assunto vem sendo discutido desde 1994.
"O objetivo é ter o texto da convenção pronto em dezembro de
1999. O tema é muito complexo e
um dos pontos mais difíceis é exatamente a definição de crime organizado transnacional", conta Damásio de Jesus.
Um dos pontos de consenso é a
criminalização da lavagem de dinheiro pelas legislações internas
dos países (o Brasil já tem lei que
define o crime de lavagem de dinheiro). Além disso, insiste-se
também na criação de mecanismos legais que permitam o confisco de bens adquiridos com práticas criminosas.
A reunião de Viena debateu também a transferência de presos e a
extradição. "O autor comete o
crime aqui, por exemplo, e foge
para outro país. O processo para
citá-lo lá é demorado, o que acaba
beneficiando as organizações criminosas. É preciso criar normas
que agilizem o processo penal nesses casos", diz Damásio de Jesus.
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